A Defensoria Pública da União (DPU) instaurou procedimento para investigar se a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem responsabilidade no acidente de segunda-feira, com ônibus da empresa 1001 na BR-116 (Rio-Teresópolis), onde 15 pessoas morreram.

O órgão fiscalizador garante que vistoriou o veículo duas vezes antes da viagem, mas não constatou irregularidades. Só este ano, o mesmo carro já foi analisado outras 55 vezes e só no dia 12 de janeiro foi multado, por estar com lanterna lateral quebrada.

Segundo o defensor federal Daniel Macedo, responsável pelo procedimento, informações de que a empresa de ônibus já recebeu mais 700 autuações só esse ano serão apuradas. “Esse número é muito expressivo. Se comprovar que é verdade, quero saber o que a ANTT está fazendo para fiscalizar essas irregularidades. O número é alto até mesmo para manter a concessão da empresa”, explicou.

A ANTT afirmou que não faz vistoria mecânica nos veículos. A agência diz que tem projeto para ampliar a análise nas garagens, mas que a lei teria que ser alterada, já que a autorização para avaliar mais profundamente os carros é do órgão que emite a licença anual dos veículos.

Ontem às 5h20, morreu a 15ª vítima do acidente. Ernestina Santos, 81 anos, estava internada no Hospital das Clínicas de Teresópolis. Outras cinco vítimas foram enterradas ontem, entre elas o casal Jussara Magacho e Osvaldo Dias da Costa, e o motorista, Eduardo Fernandes.

Rodovia do desastre é apontada como melhor do estado

A principal rodovia brasileira, a BR-116, que liga o Rio a São Paulo e onde ocorreu o acidente com o ônibus da Viação 1001, foi apontada como a melhor estrada fluminense, em pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). No ranking das 109 ligações rodoviárias, a BR-116 ficou na 11ª posição. As dez melhores são paulistas.

Em todo o estado do Rio, foram avaliados 2.389 km de estradas estaduais e federais: 40% estão em bom estado de conservação. Outras 20,5% foram classificadas como ótimas. Mas o estudo chama a atenção para 39,5% dos trechos que vão de mal a pior.

Os principais problemas enfrentados por motoristas do Rio são erosão na pista, queda de barreira e ponte caída. A pesquisa mostrou que, ao longo de 1.721 km no estado, os condutores se arriscam em pistas simples que funcionam em mão dupla.