Arteris, concessionária de 5 lotes de rodovias, troca de presidente
Em meio a ameaças de punições e até suspensão da concessão de algumas rodovias federais por descumprir cronogramas de investimentos, a Arteris (antiga OHL) anunciou nesta semana mudanças no comando da empresa. No lugar de José Carlos Ferreira de Oliveira Filho, atual presidente, entra o espanhol David Diaz Almazán, que ocupa o cargo de diretor-geral de Autopista da América na Abertis Infraestructuras – espanhola que controla a Arteris.

Desde que assumiu o Ministério dos Transportes, César Borges mirou as concessões rodoviárias federais, leiloadas em 2007 e, recentemente, pediu que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) abrisse processo contra as empresas que ainda não fizeram os investimentos previstos no edital de licitação. A Arteris virou o centro das atenções, já que arrematou cinco dos sete lotes leiloados na época.

Levantamento recente feito pelo Estado mostrou que, em média, quase 20% do montante de investimentos fixado nos editais de licitação para melhorar a condição dos sete lotes de rodovias nos primeiros cinco anos de concessão não havia sido realizado no prazo. Oliveira Filho, que assumirá a presidência do conselho do Arteris, garante que a mudança no comando da empresa não tem relação com as críticas e ameaças feitas pelo ministro por causa do ritmo dos investimentos.

“Minha saída da presidência executiva já vinha sendo planejada desde o antigo acionista (a OHL foi comprada pela Abertis no ano passado).” Ele afirmou ao Estado que não há atraso nos investimentos da Arteris nas cinco rodovias federais, mas uma “defasagem no cronograma”, provocado por mudanças exigidas pela agência reguladora em relação ao que estava previsto no edital de licitação, atraso na liberação das licenças ambientais e divergências em relação ao traçado.

Além da duplicação da Serra do Cafezal, na Régis Bittencourt, que só recentemente conseguiu liberação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para as obras, a Avenida do Contorno, na Baixada Fluminense, teve de passar por várias remodelações. A duplicação da estrada teria de remover um estaleiro e até um cemitério para cumprir o projeto original, previsto no contrato.

Mas as mudanças exigidas têm custo, que é repassado às tarifas. Todas as obras feitas a pedido da agência reguladora que não estavam previstas no contrato entram no processo de reequilíbrio econômico-financeiro da empresa, elevando o valor do pedágio. Por outro lado, os investimentos que não foram feitos no prazo reduzem a tarifa. “Portanto, quem diz que não fizemos os investimentos de propósito, está errado. Atraso de investimento não dá lucro”, diz Oliveira Filho.