Passadas as comemorações, com fogos de artifício, buzinaço e discursos inflamados, pela extinção da praça de Farroupilha, além das que estavam em estradas federais, nos polos de Caxias do Sul e Lajeado, começam a aparecer as cobranças. A Associação dos Usuários de Rodovias Concedidas da Serra (Assurcon-Serra) emitiu nota cobrando do governador Tarso Genro (PT) uma redução maior na tarifa da praça de Flores da Cunha e a implantação dos conselhos comunitários nas praças administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).


“Será que terá que partir novamente da Serra gaúcha a iniciativa de mostrar ao governo, agora de Tarso Genro, que as tarifas de pedágio propostas e que estão sendo cobradas não condizem com a realidade admitida pelos usuários de rodovias?”, diz o texto da entidade, que se notabilizou pela ferrenha e organizada oposição ao sistema de polos implantado em 1998.

O presidente da Assurcon-Serra, Juarez Colombo, ressalta que a organização tem assento no conselho de administração da EGR e que o apoio à empresa pública está mantido, mas que é preciso “dar uma sacudida” no governo, para que sejam criados os conselhos comunitários em cada praça de pedágio administrada pela EGR, conforme prevê a lei que criou a estatal. “É mais um alerta do que uma crítica”, pondera. Colombo lembra que, nas audiências públicas realizadas pelo Executivo estadual em cada uma das regiões dos polos de pedágios nesse primeiro semestre, o governo se comprometeu a discutir a formação da tarifa com a população.

“A comunidade deve definir o que quer do pedágio. Se quer manutenção (das estradas), é um preço, se quer obras, é outro preço”, defende o dirigente, retomando o discurso que vinha sendo proferido pelo governo antes de assumir as praças do sistema privado.

O presidente da EGR, Luiz Carlos Bertotto (PT), salienta que houve uma redução de 26% nas tarifas para carros de passeio e de cerca de 30% para caminhões nas quatro praças assumidas na semana passada, e que a formatação dos conselhos comunitários está sendo discutida com a Secretaria de Planejamento (Seplag) e com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Conselhão). A expectativa é de que os colegiados sejam implantados até o próximo mês. De acordo com Bertotto, a cassação da liminar que permitia às concessionárias Sulvias e Convias permanecerem administrando os polos de Lajeado e Caxias do Sul, respectivamente, até o final do ano, fez com que a EGR precisasse estabelecer, de imediato, uma tarifa para iniciar as operações, mas que os valores serão discutidos com a população após a criação dos conselhos comunitários. “Tudo aquilo que foi dito é verdade. Vamos ter os conselhos e vamos discutir com a sociedade.”

Porém, Bertotto alega que as tarifas cobradas nas praças oriundas do modelo comunitário – Coxilha, Portão e Campo Bom -, de R$ 2,40 a R$ 4,80, não devem servir de parâmetro, por estarem muito defasadas. “Elas não são reajustadas desde 2006”, justifica. “Cada estrada é diferente da outra. Tem seus custos, um tráfego específico de veículos, as isenções… Então, temos que conhecer bem a realidade para poder discutir. Pode baixar a tarifa, mas também pode aumentar, dependendo do que a comunidade vai desejar”, argumenta o gestor. “Se a comunidade decidir que quer duplicar um trecho da estrada em Flores da Cunha, por exemplo, vai precisar de dinheiro”, adianta.

Quanto à falta de máquinas para a operação com o vale-pedágio da bandeira Visa-Cielo, utilizado por caminhoneiros autônomos nas praças da EGR, Bertotto diz que espera firmar convênio com a operadora ainda nesta semana. Enquanto isso, os caminhoneiros seguem sendo liberados após a anotação do nome do condutor e da placa do veículo.