Rodovia corre o risco de ceder e mudar curso do rio Paraguai, o que afetaria o porto, bem como a logística de Mato Grosso.

O assoreamento da encosta da BR-070 em de Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá) pode romper a pista, que é a única ligação entre o estado de Rondônia e parte oeste de Mato Grosso com a Capital. Além de interromper a via, o incidente também pode mudar todo o leito do Rio Paraguai, inutilizando os portos do município e região.

De acordo com o prefeito de Cáceres, Francis Maris Cruz, a prefeitura acionou o Ministério Público Federal (MPF) contra o governo estadual e o Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (Dnit). O documento foi protocolado no último dia 15, porém até agora nada foi feito.

Segundo o prefeito, o problema vem desde a gestão anterior, mas desde que assumiu já pediu socorro tanto para o Dnit quanto para o governo do estado e nada foi realizado. Na última semana, a gestão municipal organizou uma audiência com juízes, polícia federal e até almirantes da marinha para evidenciar o problema e pedir ajuda.

“Nós fizemos diversos alertas sobre o risco do rio Paraguai romper a BR-070, no trecho após a ponte Marechal Rondon, ainda dentro do perímetro urbano da cidade. Em janeiro, pedimos novamente. Como não obtivemos resposta até agora, a saída vai ser pedir socorro ao MPF”, afirmou o prefeito.

O alerta também havia sido reforçado pela Câmara dos Vereadores do Município, que segundo a assessoria, há mais de oito anos vem pedindo que algo seja feito antes que a situação se agrave.

De acordo como o engenheiro civil e consultor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (CREA-MT), Adilson Reis, a margem do rio que ficava há mais 30 metros da via já está há menos de 10 metros. “O rio vem avançando até três metros por ano. Nos períodos de cheia, ele chega a ficar colado na rodovia”.

Adilson explicou que a BR funciona como barragem para o rio Paraguai, se ele romper a via, mudará todo curso do leito, alterando assim toda a dinâmica da região que tem a economia norteada pelos portos. “Sem contar que a ausência da rodovia vai acabar com o tráfego de parte do estado e de Rondônia. Também não teremos mais o trânsito com países vizinhos, como Bolívia e Venezuela.”

Segundo o engenheiro, o local onde está fixada a estação de abastecimento de água do município também será atingido e toda a cidade ficará sem água.

Ele afirmou ainda que até os portos de Cáceres, considerados os maiores do estado, seriam atingidos. “O prejuízo é incalculável, não só para a cidade e região, mas para todo estado, já que boa parte dos insumos produzidos em Mato Grosso usa o porto de Cáceres para ser transportados”, afirmou.

Fonte=Diário de Cuiabá