A Rodovia Ayrton Senna foi inaugurada no dia 1º de maio de 1982 como uma importante alternativa para os trabalhadores e estudantes mogianos, que na época enfrentavam pesados congestionamentos na Rodovia Presidente Dutra nas viagens entre São Paulo e Mogi das Cruzes. A construção da via, no entanto, ia bem além do atendimento das demandas locais. Ela era considerada estratégica para o Governo do Estado, já que havia as urgentes necessidades de criação de acessos mais rápidos ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, ao Terminal Intermodal de Cargas, ao Vale do Paraíba e ao Rio de Janeiro. A promessa era de velocidade, quebra de barreiras, desenvolvimento econômico. A sensação era de progresso.

Trinta anos mais tarde, porém, a SP-070 perdeu a característica de via rápida. O adensamento urbano, o crescimento populacional e a expressiva ampliação da frota de veículos registrados nos últimos anos, tornaram-se grandes problemas para a estrada, que já apresenta claros sinais de saturação. Com uma média de circulação de 90 mil veículos por dia – considerando-se ambos os sentidos, os congestionamentos são inevitáveis. Nos horários de pico, o tráfego para. O motorista fica preso na estrada que, teoricamente, permite circulação a uma velocidade de até 120 quilômetros por hora. O cenário aponta para a urgente necessidade de planejamento para que, no futuro, as condições de fluxo sejam melhores, apesar das inevitáveis perspectivas de aumento da demanda.

Na última quarta-feira, a reportagem do jornal O Diário de Mogi das Crues percorreu a rodovia Ayrton Senna no trecho entre o entroncamento com a Mogi-Dutra, em Mogi das Cruzes, e a Rodovia Helio Smidt, que dá acesso a Cumbica. A equipe saiu da cidade por volta das 7h30, juntamente com milhares de trabalhadores que deixam a Região diariamente para trabalhar na Capital. O percurso é bastante tranquilo até a passagem da praça de pedágio, localizada no município de Itaquaquecetuba. A partir daí, o acúmulo de veículos fica cada vez mais visível, até que o motorista é obrigado a reduzir a velocidade por causa do enorme volume de carros na estrada.

A lentidão se intensifica mais ainda no limite dos municípios de Itaquá e Guarulhos. A reportagem encontrou trânsito bastante difícil entre os quilômetros 26 e 20. A situação é mais complicada nos acessos, bastante escassos, onde podem ser avistadas longas filas de veículos tentando entrar na rodovia. Essa é, por exemplo, a situação do km 25, nas proximidades do Bairro dos Pimentas, onde há obras para construção de um futuro trevo. Pouco mais à frente, um acidente leve, envolvendo dois veículos de passeio, obrigava os motoristas a circular a 20 quilômetros por hora. Na entrada para a Helio Smidt também era bastante complicado trafegar.

Apesar de todas as dificuldades presenciadas na última quarta-feira, a reportagem teve “sorte”. Isso porque a Ayrton Senna tem registrado congestionamentos muito maiores. Informações da Ecopistas, concessionária que administra a rodovia, dão conta de que na manhã do dia 27 de abril, por exemplo, uma sexta-feira, o congestionamento chegou a 18 quilômetros, entre Guarulhos e São Paulo, em razão do excesso de veículos na via. Na noite da última segunda-feira (7 de maio), havia filas nos dois sentidos, sendo que a lentidão chegou a 14 quilômetros na direção ao Interior e a 16 kms no sentido oposto. Todo esse cenário agrava-se ainda mais nos feriados prolongados. Para se ter uma ideia, na volta da última Páscoa, os motoristas que seguiam sentido a São Paulo chegaram a enfrentar 21 quilômetros de congestionamento, por volta das 9h30 do dia 9 de abril (segunda-feira).

Futuro

A Ecopistas encaminhou nota à Redação de O Diário em que afirma que as obras previstas para serem executadas nos próximos anos, como parte do contrato de concessão, devem contribuir para a melhoria do fluxo de veículos . O texto destaca a ampliação da rodovia, com implantação de quarta faixa entre os quilômetros 21 e 19 no sentido São Paulo e do 19 ao 23, em direção ao Interior, em Guarulhos. Também será criada uma faixa adicional entre os kms 45 e 56 na região de Mogi das Cruzes, no sentido São Paulo, que inclui o alargamento dos viadutos localizados sob a Estrada Caracol e o retorno operacional da empresa, nas imediações do Taboão. A empresa também ressalta que a obra do Trevo dos Pimentas, em Guarulhos, que já está em execução, também favorecerá o trânsito local. Na nota, a empresa afirma ainda que “não age arbitrariamente” e que “a concessionária cumpre com exigências do contrato de concessão, que não prevê outras intervenções além das citadas, pelo menos até o momento”.