se não bastasse a polêmica em torno dos caminhões por causa do seu impacto no trânsito da cidade, eles agora também estão travando acostamentos de rodovias próximas ao acesso à capital para esperar a liberação do horário de circulação nas marginais.

Apenas nas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, o número de multas aplicadas pela Polícia Rodoviária Estadual por estacionamento indevido no acostamento na chegada a São Paulo subiu 775% após 5 de março, quando começou a restrição na Marginal Tietê.

“Os veículos de passeio já fazem isso há anos por causa do rodízio, mas caminhão chama atenção devido ao tamanho”, diz o inspetor Juliano Pontim Afonso, porta-voz da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo ele, embora errado por ocupar o lugar de alguém que eventualmente tenha necessidade, a polícia acaba sendo mais tolerante por se tratar de reflexo de uma lei municipal. “É um problema crônico nas rodovias, mas não dá para mandar um motorista que passou horas dirigindo sair de um local porque se programou para chegar a São Paulo em um horário e se antecipou”, observa.

O capitão Paulo Sérgio de Oliveira, chefe do setor operacional do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito da Capital) lembra-se de que esse tipo de coisa também era frequente na Marginal Pinheiros por causa do rodízio, mas caiu devido às multas.

Segundo balanço da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), apenas entre 5 de março e 3 de abril foram aplicadas 81.588 multas em caminhões que desrespeitaram a proibição de circulação na Marginal Tietê e em outras vias do minianel viário.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo, Francisco Pelucio, afirma que motoristas e empresários estão sofrendo prejuízos com a restrição de horário. “Caminhoneiros só param no acostamento por falta de opção.”

DISCUSSÃO / Para resolver a questão do transporte de carga na cidade, o governador Geraldo Alckmin convocou uma reunião de emergência, que acontece hoje na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano e reúne, além de representantes do setor, prefeitos de 11 cidades da região metropolitana.

“Como os prefeitos que adotaram a restrição não podem voltar atrás, vamos buscar alternativas conjuntas para solucionar de forma articulada esse impasse, que é também uma preocupação do estado”, diz o secretário Edson Aparecido.