Um pequeno grupo de caminhoneiros da região de Ribeirão Preto (SP) realizou uma manifestação na manhã de ontem, sábado (20), às margens da Rodovia Waldir Canevari (SP-355/330), em Sales Oliveira (SP), para reclamar da nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que obriga os veículos que transportam cargas a granel terem lonas ou dispositivos de proteção para evitar que os produtos caiam sobre a via.

Em vigor desde 30 de junho, a Resolução n.º 441/2013 determina multa de R$ 127,69 ao motorista e mais cinco pontos na carteira em caso de descumprimento. A categoria alega, no entanto, que não houve tempo suficiente para adaptar os caminhões e agora, no meio da safra da cana-de-açúcar – entre abril e novembro -, não há como parar o trabalho.

“Essa lei chegou no meio da safra e não tem como parar um caminhão por 20 ou 30 dias para se adequar ao sistema exigido. A região de Ribeirão Preto pararia se a gente tivesse que parar os caminhões. Podemos dizer que o PIB da região é movido à cana”, afirmou o caminhoneiro José Beroaldo, líder do movimento.

Além disso, os motoristas também reclamam que não existe regulamentação sobre o tipo de material que deve ser usado para proteger a carga e de que forma deve ser instalado no caminhão. Beroaldo explicou que as carrocerias são altas e não há como o caminhoneiro subir sobre ela para cobrir o produto transportado.
“Como você vai subir ali durante a madrugada e puxar uma lona. Imagina quantos pais de família vão perder a vida caindo de uma altura de quatro ou cinco metros. Precisa criar um sistema elétrico ou manual para colocar a lona do chão. De cima não tem jeito”, criticou.

O grupo reclamou também que a Autorização Especial de Trânsito (AET) expedida pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) não permite que caminhões com mais de 19,8 metros de comprimento transitem pelas rodovias Wladir Canevari e Altino Arantes (SP-351).

Acontece que, segundo os motoristas, ambas as estradas são as únicas que dão acesso à dez usinas de açúcar e etanol da região. “A gente chega até um ponto e não consegue mais trafegar. Como a gente vai levar a cana para as usinas? A tecnologia fez com que o tamanho dos caminhões aumentasse. Hoje, o mínimo é 30 metros [de comprimento]”, diz o caminhoneiro Marcos José Porfírio.

O grupo permaneceu próximo ao acostamento da rodovia por cerca de uma hora e dispersou. A pista não foi interrompida. Também não houve registro de ocorrências no trecho, segundo a Polícia Rodoviária.

Sem solução
Por telefone, a assessoria do DER informou que o tamanho dos caminhões deve ser compatível com padrões que garantam a segurança nas estradas. Já a assessoria do Contran não foi encontrada neste sábado para comentar as reivindicações dos caminhoneiros.