Quem passa pelos contornos Sul e Leste, e pelas BRs 116 e 277, nos arredores de Curitiba, já pôde observar alguns homens na beira da estrada ou em postos de combustíveis sinalizando para boa parte dos caminhões que por ali passam, ou negociando com os motoristas. São os chapas, responsáveis basicamente por ajudar na descarga das mercadorias e guiar os motoristas de fora que chegam à cidade para realizar a entrega.

Hoje, em Curitiba e na Região Metropolitana não se sabe ao certo quantos chapas estão em atividade. Mas segundo os próprios trabalhadores, há cerca de 150 deles trabalhando na região. Os principais pontos de trabalho estão localizados nas BRs 116 e 277. Na saída da capital em direção ao interior, mais especificamente no antigo posto da Polícia Rodoviária, é um dos locais com a maior concentração de chapas.

Lá trabalha Elizeu Lázaro da Silva, de 29 anos. Ele atua como chapa há pouco mais de dois anos. Antes, trabalhava numa transportadora com auxiliar de logística e não se arrepende nem um pouco por mudar de atividade. “Tenho mulher e um piá pra cuidar e aqui consigo tirar um dinheiro bom. Ganho mais do que se tivesse um emprego formal”, afirma. A diária de um chapa custa entre R$ 100 e R$ 130 e segundo eles é possível ter um rendimento de até R$ 2 mil por mês. “Num emprego qualquer, eu estaria ganhando, R$ 600 ou R$ 700. Aqui tiro mais e, além disso, gosto do que faço”, conta Elizeu.


Gerson Klaina

Pausa para o café: vendedora lucra com os trabalhadores.

A paixão pela profissão é quase que unanimidade entre os chapas. Há pouco mais de quatro anos na atividade, Gilberto Luiz Niciak afirma que deveria ter entrado no ramo há muito mais tempo. “Antes trabalhava em transportadoras, mas sempre com um salário médio e ainda tinha que lidar com demissões. Desde que virei chapa a coisa mudou. Ganho bem mais e sou feliz no que faço. Cada dia é diferente. Sempre uma coisa nova”, conta.

Gilberto tem como seu ponto de trabalho um posto de combustível no Contorno Sul, próximo ao viaduto da Rua Eduardo Sprada. Lá, ele trabalha com mais sete chapas, que também ficam no local. “Aqui temos uma turma boa, responsável, que trabalha certinho. Tem muitos por aí que ficam bebendo enquanto esperam serviço e até usam drogas Mas aqui esses não entram”, conta.