Dona Maria do Socorro de Carvalho, 56, acorda todos os dias às 6h, arruma a neta Mayara, 8, e sai para levá-la à escola. Às 11h, busca a criança e retorna. A atividade simples vira empreitada perigosa que coloca em risco a vida das duas. No caminho, dona Maria atravessa a BR-101, que divide São José de Mipibu, no interior do Rio Grande do Norte. Sem passarelas ou semáforos em um trecho urbano de quase quatro quiolômetos, a população não tem opção a não ser se arriscar entre motos, carros e caminhões que trafegam pela via em alta velocidade. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) deixou apenas duas ´brechas` na mureta de proteção que fica entre as pistas e instalou lombadas nas proximidades dos locais.

Com a duplicação da BR-101 a cidade de São José de Mipibu ficou dividida. Agora, ´um muro` separa a população. De um lado, cinco comunidades e pequenos comércios. Do outro, o posto de saúde, hospital, escolas, creches, bancos. Muitos precisam atravessar a BR-101. Crianças, idosos, e até deficientes colocam a vida em risco na travessia.

Para minimizar os riscos da travessia, o Dnit instalou duas lombadas na área. Uma perto da rodoviária da cidade, mas não é suficiente para proporcionar a travessia com segurança. ´Elas não resolvem o problema, além de serem mal sinalizadas. Os caminhões trafegam em alta velocidade, muitos freiam em cima da lombada`, disse o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do município, Alcimar Cortez.

Os moradores já colheram 3,6 mil assinaturas em um que pede a construção de três passarelas no perímetro urbano da cidade. O projeto prevê a construção de uma passarela. Mas, para a população, não é suficiente. ´É uma extensão grande para apenas uma passarela`, disse Alcimar Cortez. Segundo ele, representantes do Dnit garantiram que a passarela prevista no projeto será construída assim que a obra de duplicação for concluída. ´A previsão deles de conclusão da obra é 31 de dezembro, até lá a vida dos moradores de São Joséde Mipibu continua em risco. Isso significa que a duplicação da BR está acima da vida das pessoas daqui`, disse.