O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) informou que vai apresentar uma notícia-crime ao Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot.

Durante a reunião desta terça-feira (4) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações criminosas de Carlos Cachoeira, o parlamentar explicou que está se baseando no depoimento de Pagot à comissão no dia 28 de agosto. Para Onyx, ficou claro que o ex-diretor do DNIT praticou crimes de concussão, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa, tráfico de influência e improbidade administrativa.

– Acredito que esta minha conclusão deve fazer parte do relatório final desta CPI a ser elaborado pelo relator Odair Cunha. O depoimento de Pagot não deixa dúvida da existência desses crimes. Ele estava aqui sob juramento e creio que o Ministério Público vai levar adiante essa investigação – afirmou Onyx Lorenzoni.

À comissão, Luiz Antonio Pagot admitiu ter procurado empresas contratadas pelo órgão para que fizessem doações à campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República em 2010.

Ausência

A reunião da CPI desta terça-feira durou pouco menos de uma hora. O primeiro convocado, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), enviou um ofício à comissão informando que não poderia depor “em virtude de importantes e inadiáveis compromissos pessoais anteriormente assumidos”.

O deputado é acusado de ter recebido dinheiro da organização de Cachoeira e de ter alertado o grupo sobre a realização de uma operação policial. Segundo a Polícia Federal, Leréia e Cachoeira conversaram por telefone pelo menos 72 vezes entre março e julho do ano passado.

O nome de Leréia é citado em outros 26 telefonemas entre o contraventor e outros supostos membros da organização criminosa. Em entrevistas concedidas após as denúncias, o parlamentar se declarou amigo de Cachoeira e negou ter ligação com a exploração de jogos ilegais.

Silêncio

André Teixeira Jorge, o segundo convocado para depor, alegou o direito constitucional de ficar calado para não fornecer provas contra si e foi rapidamente dispensado pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). André foi motorista do ex-diretor regional da Delta, Cláudio Abreu. Para a polícia, ele seria um “laranja”, com evolução patrimonial e movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada.

O deputado Rubens Bueno lamentou não ter tido a chance de fazer perguntas ao convocado e alertou para o grande volume de dinheiro movimentado por ele.

– Ele vem aqui, senta e vai embora e não há nenhuma pergunta. Não há consideração com o Parlamento e com nosso direito de questionar. Fico entristecido com essa postura da CPI – disse.

Requerimentos

Nesta quarta-feira (5), a CPI deverá realizar uma reunião administrativa para análise de requerimentos. Antes, no entanto, será preciso um acordo entre os líderes sobre quais pedidos serão colocados em votação. São 288 requerimentos aguardando deliberação dos parlamentares, entre eles os que pedem a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de 12 empresas consideradas fantasmas e beneficiadas com repasses de dinheiro público vindo da Delta. Pelas contas do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), são R$ 421 milhões.

Para chegar a um consenso, o presidente Vital do Rêgo convocou uma reunião em seu gabinete a partir das 16 horas.