Na semana em que seis pessoas morreram em acidentes no trecho da BR-153 que passa pela região de Rio Preto, o diretor do Dnit, Jorge Ernesto Pinto Fraxe, fixou prazo para iniciar a duplicação da estrada, conhecida como “rodovia da morte” e disse que a obra será feita em etapas.

O anúncio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) foi sexta-feira (1º) na inauguração de trevo de acesso à Bady Bassitt. De acordo com Fraxe, o projeto de duplicação de 17 quilômetros e construção de 14 viadutos, apresentado pela prefeitura, deve ser aprovado em três meses e as primeiras licitações serão abertas. O governo federal resolveu “dividir” a duplicação, orçada em cerca de R$ 180 milhões. A intenção é iniciar pela construção de viadutos e novos acessos em trechos considerados críticos.

“Eu espero que em 90 dias a análise do projeto esteja concluída e iniciadas licitações para as primeiras obras de arte [viadutos] para diminuir os perigos da rodovia”, disse o diretor. “Cada vez que tivermos os projetos prontos e analisados, vamos abrir a licitação. É para ganhar tempo”, afirmou Fraxe. O diretor espera concluir os principais trechos em três anos. “A duplicação começa neste ano”, prometeu.

O superintendente do Dnit de São Paulo, Ricardo Madalena, aponta que a prioridade é a construção de um viaduto no cruzamento da rodovia com a avenida Nossa Senhora da Paz, em Rio Preto, onde aconteceram 86 acidentes em 2011. O projeto prevê dois viadutos para evitar o cruzamento, campeão de acidentes.

Outro trecho considerado crítico fica no trevo próximo aos posto Martinele, também em Rio Preto, onde um acidente deixou duas pessoas feridas sexta-feira de manhã, no mesmo horário da inauguração do viaduto em Bady.

O projeto de duplicação se arrasta há pelo menos seis anos. Nesse meio tempo, o trecho paulista da BR-153 passou a ser explorado pela iniciativa privada, exceto os 17 quilômetros que passam por Rio Preto, que voltaram a ser de responsabilidade do governo federal, que agora assumiu a duplicação.

No mês passado, o Dnit deu o primeiro passo efetivo no processo d e duplicação, conforme o BOM DIA revelou com exclusividade. O Dnit abriu licitação para contratar empresa que vai avaliar as áreas ao redor da rodovia que terão de ser desapropriadas. A concorrência será concluída neste mês. “Não tem volta. A duplicação vai sair”, disse Ricardo Madalena.

AJUSTES/ O secretário de Planejamento de Rio Preto, Milton Assis, vai a Brasília para dar “esclarecimentos técnicos” sobre o projeto de duplicação, principalmente sobre viadutos, a pedido do Dnit. “O projeto já foi analisado. Agora precisamos de alguns esclarecimentos”, afirmou o diretor-geral do Dnit. Para integrantes da prefeitura, a obra deve ser iniciada neste ano.

“Finalmente um diretor fixou prazos. Vou a Brasília discutir eventuais ajustes e últimos detalhes no projeto”, afirmou o secretário. De acordo com Milton Assis, a rodovia ainda tem outros trechos considerados prioritários, como o próximo à rotatória localizada após a avenida Juscelino Kubitschek.

Orçamento reserva R$ 55 milhões à obra
O Orçamento deste ano reserva R$ 55 milhões para a duplicação da rodovia em Rio Preto. Segundo o Dnit, com a abertura das licitações para viadutos é possível usar o recurso neste ano. “Vamos dar as ordens de serviços pontuais. Não posso dar ordem de serviço para R$ 200 milhões se temos R$ 55 milhões”, disse o superintendente do Dnit, Ricardo Madalena. O governo deve marcar ainda neste mês audiência pública para discutir a duplicação.

15 pessoas morreram neste ano no trecho da BR-153 da região de Rio Preto; em 2011, 36 pessoas perderam a vida na rodovia

Trevo fica pronto após quatro anos
Obra iniciada em 2008 é entregue depois de ficar paralisada por quase dois anos

Com aplausos, cerca de 200 pessoas comemoram a abertura do novo trevo de acesso à Bady Bassit, sexta-feira na rodovia BR-153. A obra foi entregue com atraso de quase quatro anos, mas, mesmo assim, moradores de Bady e motoristas festejaram. “Eu conheci cerca de 30 pessoas que morreram aqui. Era muito perigoso”, disse o aposentado Pedro Luccas.

O trevo custou R$ 11,7 milhões e foi anunciado em junho de 2008. Por corte de verba, a obra ficou paralisada por quase dois anos. A construção foi retomada no ano passado. “É um dia histórico. Há 20 anos pedimos essa obra”, disse o prefeito de Bady Bassitt, Edmur Pradela (PMDB).

O cruzamento da saída da cidade para entrar na rodovia BR-153 era considerado um dos mais perigosos da região. “Perdi meu irmão aqui perto, na BR-153, há dois anos”, disse o ajudante de pedreiro Antonio Amaral, que mora em Bady Bassitt e acompanhou a inauguração. O trevo estava quase concluído desde o início do ano, mas o tráfego de veículos só foi liberado ontem.