Para o diretor geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, seria necessário ainda a duplicação completa dos cerca de 500 quilômetros da rodovia, que demandaria no investimento de R$ 4 bilhões.

– A rodovia é muito movimentada; muitos investimentos importantes estão às suas margens, como o terminal da Petrobrás em São Sebastião (SP). No Rio há os estaleiros de Angra dos Reis, as usinas nucleares e os novos portos. Haverá um conflito enorme entre o trânsito de turismo e o trânsito industrial. Por isso, para reduzir o impacto ambiental na Serra do Mar, a proposta do Dnit é fazer essa duplicação sem a construção de um canteiro central. Entre as duas pistas haveria apenas uma barreira – destacou ele.

O prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), destaca que a duplicação até Paraty – além da revitalização da pista – se mais faz do que necessária devido ao grande potencial de turismo da região.
– O grande fomentador econômico da nossa região é o turismo e o visitante não pode levar de seis a dez horas para chegar a Angra, e muito menos ficar parado em obras na pista. Sem falar nos nossos moradores que muitas vezes demoram horas e horas para chegar às suas casas por conta de problemas na rodovia. Eles não merecem este descaso – ressaltou o prefeito.

Deslizamentos causam transtornos

Deslizamentos de terra e buracos na Rio-Santos têm dificultado cada vez mais a passagem de usuários. Desde o ano passado muitas encostas caíram na rodovia e afetaram partes importantes da pista. O caso mais grave foi na altura de Garatucaia, onde parte de um barranco caiu e causou transtornos a muitas pessoas. O trecho precisou ser interditado muitas vezes. No intuito de solucionar o problema, o Dnit realizou, em nove meses, uma obra de contenção na localidade. Porém, com a continuação das fortes chuvas, o departamento registrou outro ponto crítico com novas quedas de barranco entre Garatucaia e Monsuaba. Sem contar nos demais pontos de deslizamento de terra no trecho de Mangaratiba a Paraty, que chegam a mais de 15.

– A Rio-Santos parece uma bomba-relógio, é só chover um pouco além do normal que a terra já começa a descer e invadir a pista. Quem passa pela Costa Verde vê de perto como a estrada está ruim, cheia de buracos, deslizamentos, pontos desnivelados, entre outros problemas. A rodovia está precisando de ajuda urgentemente – destacou o motorista Júlio Lima.

Após muitas reclamações, o Paraty Convention & Visitors Bureau deu início à coordenação do Grupo de Trabalho – BR-101 Livre, que surgiu diante da necessidade de uma solução final para os constantes fechamentos rodovia por conta dos deslizamentos de terra. Porém, nenhum resultado positivo foi alcançado.

– O objetivo do grupo de trabalho é conseguir que as autoridades atentem para a gravidade da situação da BR-101, que busquem uma solução e que nos convençam que a solução encontrada seja definitiva, ou seja, que todos os pontos críticos da estrada sejam contemplados com obras robustas e não com meros paliativos. E estamos fazendo o máximo para tentar resolver esse problema – disse o diretor executivo do Paraty C&VB, Dax Goulart.

Além dos diversos transtornos que a péssima qualidade da rodovia resulta, os moradores das três cidades da Costa Verde – Angra, Paraty e Mangaratiba – estão preocupados com a dificuldade na evacuação no caso de um acidente nuclear.

– Eu sinceramente não acredito nessas simulações de evacuação de moradores, que são feitas apenas a cada cinco anos. No caso de um vazamento em uma das usinas temos poucas opções de saída para fugir. Uma das rotas de fuga seria a BR-101, que está em péssimas condições de manutenção e cheia de buracos – destacou o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Frade, Evandro Vieira.

A preocupação é tanta que, devido ao atraso nas obras, uma ação pública corre no Ministério Público Federal para impedir a continuação da construção da usina Angra 3 até que a reforma da rodovia esteja pronta.

– A Rio-Santos está em péssimo estado de conservação e necessitando de reformas urgentíssimas, principalmente no trecho entre Angra dos Reis e a divisa com São Paulo. Sem a possibilidade de utilizar a RJ-165 (estrada Paraty-Cunha) a situação fica ainda mais complicada. O jeito é pedir a Deus que nada aconteça nas usinas até que consigamos melhorar as nossas estradas – destacou o prefeito de Paraty, José Carlos Porto Neto.