Com direito a “hora do rush” e engarrafamentos quilométricos diários, a BR-116 é reflexo do crescimento desordenado de Fortaleza. A rodovia, construída há 65 anos, deixou de ser apenas um corredor de destino e virou via urbana. Porém, sem semáforos, passarelas suficientes e com alto limite de velocidade. O ônus dessa desorganização acaba contribuindo para um maior número de acidentes e infrações.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre os 58 acidentes fatais na BR-116 este ano (até agosto), 18 foram atropelamentos de pessoas. Metade (nove) aconteceu em horário de pico, entre 18 horas e 20h10min. Os pontos mais críticos são exatamente onde há mais fluxo de veículos e pessoas: do km 10 ao 20, na Capital, e do km 50 ao 60, em Pacajus.

Se analisadas as 18.689 infrações mais frequentes na rodovia este ano, 55% (10.453) são por trânsito com veículos em marcas de canalização, trânsito em acostamento e ultrapassagem pela contramão. As duas primeiras acontecem, principalmente, nos horários de pico: de manhã, das 6 às 9 horas, e entre 17h e 20 horas. “Com essa grande quantidade de veículos, é difícil até monitorar e fiscalizar para prevenir”, justificou a chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, Neurismene Oliveira.

Para a PRF, o problema de trânsito na BR não é criado na rodovia, originando-se no tráfego já conturbado da Capital. A marcação dos 4.385 Km da BR inicia-se exatamente na rotatória da avenida Aguanambi, porta de entrada e saída da maioria dos veículos que trafegam pela via. As avenidas Borges de Melo e Visconde do Rio Branco também funcionam como importantes vias de emissão e coleta à BR. Quem chega a essas avenidas, que dão acesso às áreas mais centrais da Capital, vem, em sua maioria, de bairros como Messejana, Maraponga, Cambeba, Passaré e Cidade dos Funcionários, cada vez mais populosos e alvo das construtoras.

Soluções previstas

O gerente de trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), Acelino Lima, reconhece a necessidade de intervenções nas áreas que fazem congruências entre as vias municipais e a rodovia federal. “Observamos o congestionamento e a insegurança. O acesso de uma via urbana para uma de trânsito rápido tem de ser feito de uma forma mais segura”, avaliou. Conforme Acelino, até o fim deste ano uma nova alternativa de tráfego na área será implantada. AMC, PRF e o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) avaliam a melhor saída.

A chefe de Comunicação da PRF adiantou duas possibilidades de intervenção já discutidas, mas ainda sem definição quanto à viabilidade de aplicação. “Uma das sugestões era transformar uma das vias de acesso em sentido único, com horário de fluxo só em direção ao Centro. Mas fica próximo a um hospital, então pode não ser viável”, detalhou. Outra alternativa seria a construção de um viaduto, próximo à rotatório da Aguanambi. “Mas essas questões de infraestrutura não nos compete discutir”, frisou Neurismene.