Ao menor sinal suspeito, a ordem é parar e fazer vistoria. Seja em qual for o veículo. Com a possibilidade de traficantes do Rio de Janeiro focarem o Ceará como rota de fuga e guarida, a fiscalização nas estradas que cortam o Estado foi intensificada. O comando das polícias rodoviárias Federal (PRF) e Estadual (PRE) deram ordens de atenção em tempo integral e em todos os
postos.

Desde 14 de novembro, morros cariocas são invadidos por policiais militares numa tentativa de acabar com tráfico de drogas na Capital. Até as Forças Armadas foram envolvidas na megaoperação. Ontem, após ocupar o Complexo do Alemão, a Polícia do Rio de Janeiro ponderou que líderes de facções criminosas podem ter deixado a cidade em direção ao Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte.

Os trabalhos aqui estão interligados às investigações dos serviços de inteligência do Governo Federal e das secretarias da Segurança do Rio e do Ceará. A Polícia Militar local diz já ter informações sobre os procurados nas favelas fluminenses. “Estamos em alerta. Quando a inteligência sinalizar que estão vindo mesmo, a gente fecha tudo”, adiantou o comandante da PRE, coronel Túlio Studart.

Coletivos
Na PRF, além dos carros e motos particulares com placas do Rio de Janeiro, os olhos estão voltados para os transportes coletivos. Há receio de que chefes do tráfico entrem em território cearense em ônibus ou vans. E o pior: já portanto armas e drogas.

Por isso, motoristas e passageiros estão sendo revistados e têm os antecedentes criminais checados, assim como os documentos pessoais e dos veículos. Este é um dos três pontos de atuação da PRF. Na estratégia, constam também o mapeamento das entradas estreitas que podem servir de acesso e a comunicação constante com Brasília, Rio, Minas Gerais e outros estados nordestinos.

Até agora, ninguém chegou a ser preso. Nem pela PRF nem pela PRE. De 1996 a 2007, cinco traficantes cariocas fugitivos foram presos no Ceará. “E este reforço (nas fiscalizações e vistorias) é por tempo indeterminado”, adiantou o inspetor da PRF, Márcio Moura.

Para o Comando Geral da PM-CE, o momento não deve ser encarado com preocupação. “Não há motivo para pensar que o Rio de Janeiro vai se transferir para o Ceará ou qualquer outro estado”, avalia o relações públicas da Polícia, major Marcus Costa.


Como

ENTENDA A NOTÍCIA
Traficantes podem entrar no Ceará em ônibus ou vans interestaduais, disfarçados de passageiros comuns. Diante da ameaça, PRF e PRE municiam-se de informações dos setores de inteligência para identificar e prender os bandidos.

PRESOS EM FORTALEZA

2007: João Rafael da Silva, o Joca, ex-chefe do tráfico na Rocinha.

2005: Márcio Batista, o Dinho Porquinho, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV).

2002: Alexander Mendes da Silva, o Polegar. Acusado de envolvimento com o CV.

1998: Francisco Carlos da Conceição, o Kiko Russo, acusado de liderar o tráfico no Morro da Ititioca (Niterói)

1998: Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê. Apontado como um dos fundadores da facção Amigos dos Amigos.