De acordo com a Famato, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, a falta de manutenção e pavimentação das vias de escoamento tem prejudicado o transporte de bovinos no Estado. Há casos em que a redução sobre abates chega a 30%. O percentual chama a atenção quando se considera a situação peculiar da bovinocultura mato-grossense que contabiliza mais de uma dúzia de frigoríficos fechados nos últimos dois anos em decorrência da crise financeira de 2008.

Segundo Rogério Romanini, diretor de relações institucionais do Sistema Famato, “os bovinos prontos para o abate, situados nos pontos críticos do trecho de aproximadamente 90 km da rodovia MT 247, entre os municípios de Barra dos Bugres e Lambari D´oeste, são destinados às plantas dos frigoríficos Navicarne, Marfrig, Friboi e da Perdigão. O frigorífico é o responsável por retirar o gado da fazenda, se as estradas dificultam o acesso não há interesse em negociar”.

Na região que compreende 12 municípios, a arroba bovina está cotada em média a R$ 92,76 e a estimativa é de que haja um plantel de pouco mais de 1,2 milhão de cabeças espalhadas em 5,2 mil propriedades. De acordo Fabion Almeida, gerente de compras de bovinos do Marfrig, o período de chuvas reduziu em torno de 30% o número de abates de bovinos oriundos daquela região.

Em Mirassol D`Oeste, 360 quilômetros ao oeste de Cuiabá, o responsável pelas compras de bovinos da Perdigão, Charles Jean, informou que as compras da empresa na região, que em média chegava a ser 20% do total de bois adquiridos, também estão prejudicadas. “Não estamos comprando nada daquele local, está impossível transitar”. Na região de Juína, 735 quilômetros ao noroeste da capital, onde o frigorífico Tucura trabalha em média com 750 cabeças/dia, a situação é ainda pior, de acordo com Adailton Moreira, presidente do sindicato rural, muitas estradas estão intransitáveis devido às fortes chuvas dos últimos dias.A via que liga Juina a Aripuanã pela Serra Morena, por exemplo, ficou fechada durante toda a última terça-feira, 22.

A famato alerta que estas dificuldades no transporte podem provocar contusões na carcaça que gera prejuízos ao produtor. O estresse, pela demora na chegada do animal ao frigorífico acarreta ainda em problemas na qualidade da carne, principalmente à maciez e conservação do produto final.