Familiares e amigos de um jovem morto num acidente de carro, no início deste mês, na estrada da Baía do Sol, no distrito de Mosqueiro, bloquearam um trecho da rodovia PA-391, próximo ao portal da ilha, no início da tarde de ontem, terça-feira (29). De acordo com o grupo, o protesto foi para chamar a atenção das autoridades locais sobre o descaso da polícia no caso do acidente que matou Eduardo Mário Brito Ferreira, 29 anos, no último dia 5 de novembro. “O meu irmão foi atropelado por um homem bêbado e a polícia de Mosqueiro não fez nada para resolver o caso. Inclusive eles descaracterizaram a cena do crime e deram fim ao veículo que causou o acidente”, denuncia Laureana Brito, irmã da vítima.

Segundo testemunhas, Eduardo Ferreira voltava do trabalho numa motocicleta em que vendia gás de cozinha, quando foi atingido de frente por um veículo Gol, cor cinza, conduzido por Edson Luís Silva.

O acidente ocorreu próximo a um trecho da estrada da Baía do Sol conhecido como “Curva da Mica”. “Teve muita gente que viu o motorista do gol fazendo ziguezague na rua. Ele entrou na contramão da via em que o Eduardo trafegava e pegou o meu amigo em cheio. O mais absurdo é que além de não prestar nenhum tipo de socorro à vítima, o dono do carro ainda tentou chutar o Eduardo caído no chão”, relatou um amigo da vítima.

Parentes do jovem denunciaram ainda a omissão da polícia no caso. De acordo com Ângela Maria Brito, prima da vítima, o motorista suspeito do acidente estava visivelmente alcoolizado, mas mesmo assim não foi submetido a nenhum teste de bafômetro. “O que mais revolta é que a cena do crime foi totalmente descaracterizada. Levaram o carro do local do acidente sem fazer nenhuma perícia e o motorista que causou o acidente está andando livremente por aí como se nada tivesse acontecido”, conta Ângela.

Durante o protesto, familiares e amigos gritavam palavras de ordem pedindo justiça para o caso. Eles diziam que só iriam terminar a manifestação após a chegada de uma equipe de televisão. “É para filmar isso aqui e mostrar para as autoridades que Mosqueiro não tem lei. As pessoas matam e continuam andando livremente nas ruas”, gritavam os manifestantes.

Uma fila de carros, impedidos de continuar a viagem, se formou nos dois lados da rodovia. No momento da confusão, um homem identificado como um soldado da PM e que estava numa motocicleta com a placa adulterada ainda tentou furar o bloqueio ameaçando os manifestantes como um revólver, mas foi contido por policiais militares que faziam a segurança do local.

Além da Polícia Militar, homens da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) estiveram no local para negociar a liberação da via com os manifestantes, que insistiam em permanecer na área. Somente após uma conversa com o capitão Mourão, da Rotam, é que o grupo resolveu liberar parte da pista.

“A negociação é a primeira instância em casos como esse. Diferente de outros protestos que existem por aí, este aqui é de uma família que clama por justiça. Entendemos o direito dos familiares, mas ninguém pode tirar o direito de ir e vir das pessoas. O nosso encaminhamento nessa situação é para que eles procurem a Corregedoria e o Ministério Público para protocolar a denúncia contra esses militares que ajudaram o autor do acidente”, afirmou o capitão Mourão.

Após desobstruir parte da via, o grupo voltou a fechar a rua novamente. O protesto só terminou por volta das 15h30 com a chegada de uma equipe de TV.