Santa Catarina abriga quatro das cinco praças de pedágio no trecho concedido à Autopista Litoral Sul entre Palhoça e Curitiba (PR). Mesmo assim, os investimentos em obras e melhorias feitos pela concessionária na parte catarinense da rodovia são inversamente proporcionais aos valores arrecadados.

Além disso, enquanto a receita aumentou 25,2% em um ano, os investimentos estão R$ 13 milhões abaixo do previsto. A constatação faz parte do estudo apresentado nesta segunda-feira pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). O levantamento foi feito pelo engenheiro civil Ricardo Saporiti, com o apoio do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea/SC) e será encaminhado para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, à Autopista Litoral Sul, ao governo do Estado e ao Ministério dos Transportes.

De acordo com o engenheiro, é possível visualizar em solo paranaense grandes obras sendo feitas, como a correção do traçado entre os quilômetros 652 e 654, ao contrário de Santa Catarina, onde apenas serviços considerados de menor proporção são executados, como a construção da marginal em Balneário Camboriú.

— Aqui estão fazendo remendos na pavimentação, enquanto na BR-376 a restauração é profunda. A diferença na qualidade da sinalização também é bastante perceptível. É preciso ter um padrão. Por que aqui é de uma maneira e no Paraná é de outra? Que tipo de fiscalização é essa que não percebe esse contraste? — questiona.

Prorrogação do Contorno de Florianópolis em pauta

Outro ponto destacado é a prorrogação do prazo para a execução do contorno de Florianópolis, considerado a principal obra da BR-101 Norte. O adiamento foi autorizado pela ANTT, responsável por fiscalizar a concessão, em fevereiro deste ano.

A conclusão do contorno viário estava prevista para 2012, mas ficou para 2016. O motivo alegado foi a necessidade de alteração no projeto original e mais tempo para os estudos de execução, entre eles o de impacto ambiental.

— Deveríamos já estar com 60% da obra executada. Se tinham um projeto pronto, por que deram para a Autopista modificar? Isso é incompetência e está sendo feito por debaixo do cobertor. Vamos ter que nos movimentar, porque a população está sendo prejudicada. Os usuários convivem há quase dois anos com a cobrança de pedágio sem poder usufruir dos benefícios que deveriam ser gerados — alerta o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, que assinou ontem um convite para a ANTT participar da reunião da Câmara de Transporte e Logística da Federação, ainda sem data definida.

Em nota, a Autopista Litoral Sul informou que o início das obras do contorno de Florianópolis aguarda análise dos relatórios ambientais e que, pelo contrato, ela deve ser realizada entre o quarto e o sétimo ano da concessão.

Números
Em 2008, dos R$ 110 milhões previstos para investimentos, apenas R$ 97 milhões foram feitos
Dos R$ 38,2 milhões previstos para serem aplicados em custos operacionais, somente R$ 24,7 milhões foram gastos
Do 3º trimestre de 2009 ao 3º trimestre deste ano, a receita da concessionária aumentou 25,2% e o número de veículos que circularam nas praças de pedágio subiu 14,7%
A média é de 100 mil veículos por dia nas cinco praças