A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) proibiu a TransBrasil de vender passagens de ônibus aos consumidores. Agentes de fiscalização do órgão lacraram, ontem, o guichê da empresa na Rodoviária Interestadual de Brasília e impediram que o serviço continuasse a operar. Segundo a agência, a TransBrasil, em vigência há 10 anos no mercado de transporte urbano, sempre atuou fora dos padrões previstos na legislação. Entre as irregularidades, apontadas pela agência, estão as péssimas condições dos ônibus, a sonegação de impostos e a atuação de transporte clandestino. A empresa emitia bilhetes, saindo de Brasília, para 26 cidades brasileiras.

O pedreiro Cleber Souza, 27 anos, comprou o bilhete da TransBrasil com destino a Barreiras, na Bahia, na última segunda-feira, porém foi supreendido com a notícia de que a empresa estava fechada. “O funcionário me pediu para esperar, pois eles vão me colocar em outro ônibus, mas de qualquer forma perdi meu compromisso. Não vai dar mais tempo”, lamentou Souza. Ele pagou pela passagem R$ 77. “Preciso chegar a Barreiras o quanto antes e nem sei a que horas vou sair daqui”, disse.

Para atrair mais clientes, a TransBrasil oferecia passagens sempre com preço inferior ao cobrado por outras empresas. No guichê da empresa, havia um papel informando sobre uma promoção de passagem a R$ 125, saindo do Distrito Federal para Cuiabá. Em outras, o valor da passagem não sai por menos de R$ 197.

De acordo com o superintendente de Fiscalização da ANTT, Nauber Nunes, a TransBrasil nunca foi autorizada a operar o transporte terrestre de passageiros em nenhuma cidade do país. Ele disse ainda que a empresa utilizou, ao longo dos anos, vários nomes para se esquivar dos órgãos fiscalizadores mesmo tendo 5 mil multas emitidas pela agência na bagagem, motivadas pelo transporte irregular de passageiros entre vários estados.

“Além disso, eles também utilizavam de liminares e mandatos de segurança falsos para continuar atuando de forma clandestina em todas as linhas de ônibus”, afirmou Nauber Nunes. Ele garantiu que a fiscalização será intensificada, com o auxílio da Polícia Rodoviária, para que nenhum ônibus da empresa circule pelas estradas brasileiras. “Vamos atuar de forma objetiva para que os passageiros possam ser resguardados e a empresa pare de operar até que a situação seja regularizada”, completou Nunes.

O superintendente de Fiscalização da ANTT esclareceu que os passageiros que pretendiam viajar pela TransBrasil serão reacomodados em outras companhias de transporte interestadual. “Caso o passageiro desista da viagem, ele poderá solicitar à empresa a devolução do valor pago pela passagem. Se o problema não for resolvido, o consumidor pode ligar para 156 e registrar a reclamação na ANTT.”