Não houve acordo na reunião realizada há pouco entre representantes de caminhoneiros e o governo. As lideranças da categoria estavam reunidas com os ministros Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, na sede da ANTT em Brasília.

O estabelecimento de uma tabela de frete mínima era uma das principais demandas do movimento. A posição do Governo é adotar uma tabela referencial, que não atende ao pleito dos caminhoneiros. O Governo alega que não tem poder de interferir na negociação do setor privado e que qualquer tabela não se sustenta juridicamente.Líderes dos caminhoneiros que estavam na reunião prometem paralisação nas estradas a partir desta quinta-feira. Apesar disso a adesão está baixa.

Segundo a PRF na manhã desta quinta-feira haviam quatro pontos de bloqueio de caminhoneiros no Rio Grande do Sul:
Veranópolis, no km 181 da BR 470. Em Ijuí, no km 463 da BR 285. Em Soledade, no km 243,5 da BR 386. Em Três Cachoeiras, no km 22 da BR 101. Em alguns locais há registro de violência contra os caminhoneiros que não aderem a paralisação.

No Mato Grosso, a concessionária Rota do Oeste informa bloqueios em Lucas do Rio Verde, no km 686, Rondonópolis nos km 201 e 206 da BR-364, próximo ao trevo que liga a via à BR-163, Dois outros pontos foram bloqueados no km 593 da BR-163, em Nova Mutum, e no km 742, em Sorriso.

No Paraná a BR-277 que foi alvo de paralisações esporádicas durante a madrugada está operando normalmente. O caminhoneiro pode encontrar bloqueio na BR-376 em Marialva.

No Mato Grosso do Sul, o sindicato já disse que não vai participar da paralisação, ao menos é o que está sendo divulgado na imprensa do Estado, segundo a qual o presidente do Sindicam – MS, Osny Bellinati, uma paralisação não resolveria o problema. “Além de não adiantar nada fazermos uma greve, deixaríamos de lucrar, pois estaremos parados, sem trabalhar. A última greve que fizemos deu pra sentir que dificilmente seremos atendidos, por isso, decidimos partir para negociações diretamente com as empresas transportadoras”, explica.

No Estado de São Paulo O Presidente da FETRABENS – Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo, Norival de Almeida Silva , também disse ser contra a greve.

Não há registro de paralisação em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Norte e Nordeste. As liminares proibindo a obstrução das rodovias continuam válidas. Com a falta de adesão na Região Sudeste e poucos pontos de paralisação na região Sul e Centro-Oeste, o movimento começa fraco na pista. Ainda não há informações sobre os caminhoneiros que resolveram ficar em casa, seja para evitar os piquetes e danos ao caminhão, assim como para aderir ao movimento sem transportar simplesmente.

A principal motivação da paralisação continua ser a falta de uma tabela mínima de valor de frete. Os representares da ANUT- Associação Nacional dos Uusários de Carga e Acebra – Associação das Empresas Cerealistas do Brasil, que representam a maioria dos embarcadores não se manifestaram sobre a paralisação.

Os caminhoneiros empregados não fazem parte da paralisação porque não tem nenhum item da pauta que os beneficie diretamente e já perderam direitos com a aprovação da nova lei e revogação da Lei 12.619/12, a chamada Lei do Descanso, portanto não demonstram interesse na paralisação.

Na prática é mais uma vitória dos embarcadores que conseguiram reduzir o custo de pedágio, aumentar a jornada dos motoristas e o tempo de direção contínua, com isso aumentando a oferta de horas de transporte. Mais oferta de transporte significa pressão para baixo no frete. O que os sindicatos não conseguiram é aumentar o valor do frete, o que deveria ser a principal e única bandeira dos caminhoneiros autônomos e das transportadoras.Já os motoristas empregados tem que trabalhar mais, descansar menos e ganhar provavelmente o mesmo.

A revogação da Lei 12.619/12, a chamda Lei do Descanso, só beneficiou de fato os embarcadores. Os caminhoneiros autônomos que acreditaram que a Lei13.103/15 seria boa para a categoria vão aos poucos percebendo que foram enganados pelos embarcadores e seus deputados.

Paralisação não é tão simples de manter e caso os sindicalistas que estão prometendo a paralisação não sejam bem sucedidos, a categoria de motoristas profissionais ficará mais enfraquecida do que nunca. E desta vez os embarcadores não vão apoiar a pralisação por debaixo do pano como fizeram nas últimas vezes.

Conforme bem observou um veterano dessas paralisações, o dia que os caminhoneiros pararem na porta dos embarcadores e não deixarem ninguém carregar nem descarregar, a coisa muda. Na prática são poucos os grandes embarcadores e eles ditam o valor do frete. Espertamente colocam o Governo para cuidar do seu interesse e sofrer o desgaste com o caminhoneiros. Enquanto isso, ficam confortavelmente assistindo o confronto entre Governo e caminhoneiros. Quando as forças policiais forem chamadas, eles ainda vão dar risada, sentados nas suas confortáveis poltronas. O adversário do setor de transporte não é o Governo e sim os embarcadores.