O diretor de novos negócios do grupo CCR, Leonardo Couto Viana, defendeu o aumento da base de usuários pagantes nas rodovias brasileiras. Para o executivo, esse aumento poderia ser feito por meio do pagamento por trecho percorrido. “Onde todos pagam mais, todos pagam menos”, defendeu, citando o caso da Rodovia Presidente Dutra, na qual apenas 10% dos usuários pagam pedágio.

Viana ponderou que são poucas as rodovias que poderiam receber facilmente um sistema de pagamento por trecho percorrido. Não seria o caso da Dutra, disse, destacando que esta rodovia possui mais de três mil entradas e saídas.

O diretor da CCR lembrou, porém, que tecnologia para o sistema já existe, citando o free flow, que dispensa a existência de praças de pedágio, já que captura o tráfego eletronicamente. “No Chile foram feitas concessões urbanas recentemente com free flow”, comentou, salientando que o sucesso da implantação do sistema exige o apoio do poder público e que o país levou quatro anos para implantar o sistema.

Segundo ele, em São Paulo, a Artesp já vem estudando o free flow, mas disse que não existe, por ora, qualquer previsão de prazo para a implantação do sistema.

Viana defendeu também a implantação de sistema eficaz de controle de excesso de peso nas rodovias e ainda a mudança no cronograma de investimentos, de modo a ser mais compatível com a evolução no volume de tráfego. Ele criticou contratos que exigiam muitos investimentos logo no início da concessão, alguns deles considerados desnecessários por Viana no começo da concessão.

O executivo apresentou números consolidados sobre as 53 concessionárias do País segundo os quais essas empresas obtiveram receita de R$ 62 bilhões entre 1996 e 2010, enquanto os desembolsos somaram R$ 90 bilhões no período, entre investimentos, despesas operacionais, pagamentos ao poder concedente, tributos e despesas financeiras. “Houve déficit de R$ 27 bilhões, que foram compensados por R$ 8 bilhões de aporte dos acionistas e R$ 35,2 bilhões de financiamentos”, disse Viana, ponderando que esse é o perfil do negócio, que tem payback de 10 anos a 14 anos, e portanto é natural que o fluxo fosse negativo nesse momento de primeiros anos de concessão.

Leonardo Viana participou hoje do painel “Concessões Rodoviária: o que é melhor para o Brasil?”, em seminário sobre logística e transporte promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).