O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu licença definitiva, por dois anos, para o projeto de pavimentação e infraestrutura da estrada que liga Paraty a Cunha, em São Paulo. A obra é considerada uma das mais aguardadas na região da Costa Verde.

De acordo com o prefeito José Carlos Porto Neto (PTB), a obra está para sair desde 1985, porém foi embargada diversas vezes. Ele contou que, em 2007, o governador Sérgio Cabral (PMDB) assumiu o compromisso de possibilitar a conclusão das obras. Em 2010, o Ibama já havia liberado uma licença ambiental que possibilitava a continuação do projeto, porém, segundo o prefeito, pouco tempo depois o instituto embargou novamente a obra solicitando mais estudos a respeito de impactos ambientais, inclusive, no âmbito de questões arqueológicas.

Segundo José Carlos, as obras estão previstas para reiniciarem ainda este mês. Ficou acordado que o custo dos trabalhos seria bancado pela Eletronuclear, em um investimento estimado em R$ 66 milhões. O Governo Federal, através do Ministério do Turismo, e o Governo do Estado do Rio de Janeiro também apoiam a iniciativa. Um dos motivos para a decisão da estatal – responsável pela operação das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 e pela construção de Angra 3 – é que a Paraty-Cunha poderá ser usada como alternativa de evacuação da região em caso de acidente nuclear.

– Essa é uma obra muito esperada pela população de Paraty, são cerca de 30 anos nessa luta. E traz vantagens, pois quando for concluída economizará pouco mais de uma hora de viagem para quem vem de São Paulo. Isso é muito importante para o setor turístico da região, principalmente por se tratar de um trajeto muito bonito que também é um parque ecológico – comentou o prefeito.

Entenda

O trecho entre Paraty e Cunha já fez parte chamada Estrada Real, por onde passava todo ouro vindo de Minas Gerais para o porto de Paraty. A estrada encurta o trajeto entre as duas cidades, o que evita o motorista trafegue pela Rodovia Mário Covas(antiga Rio-Santos), que terá que percorrer uma distância maior.

Depois que a via foi seriamente danificada por temporais, no início de 2008, surgiu a iniciativa de pavimentá-la, mas organizações ambientalistas e o Ibama foram contrários à ideia.

A proposta da estrada-parque surgiu como uma forma de compatibilizar as reivindicações dos moradores das duas cidades com a necessidade de proteção ao meio ambiente, já que a via passa por uma área de proteção ambiental.

A estrada Paraty-Cunha será semelhante à estrada-parque que foi construída entre Mauá e Maromba, na região das Agulhas Negras. Entre outras características especiais, a estrada contará com passagens subterrâneas para evitar que animais silvestres corram o risco de serem atropelados quando tentarem atravessar a via. As passagens foram apelidadas de “bichodutos”.

O nome oficial dos bichodutos é zoopassagem. Elas serão formadas por blocos de concreto pré-fabricados. As zoopassagens serão adequadas nos seus acessos, com manejo cuidadoso de pedras, terra e plantio. Nas áreas da mata, um funil – composto por suportes metálicos e telas plásticas – orientará o deslocamento da fauna para a travessia segura.