Imprudência e cansaço provocam desastres nas estradas do país; veja
Para polícia, combinação desastrosa de excesso de velocidade e desrespeito a sinalização só aumenta risco de acidentes quando somado aos efeitos do sono.

O Jornal Nacional fala de um assunto que produziu muita tensão no Brasil recentemente: a obrigatoriedade de paradas para o repouso de caminhoneiros e motoristas em geral.

A reportagem de André Junqueira mostra, com exemplos reais e muita clareza, por que um motorista descansado pode salvar vidas.

O perigo pode aparecer a qualquer momento. Em um vídeo, um motociclista, com uma mulher na garupa, ultrapassa um ônibus em local proibido. Os dois caem na pista e têm ferimentos leves. Mas se o motorista estivesse distraído…

“Eles estavam em uma velocidade regulamentar para a via. Se assim não estivesse, ele poderia ter atropelado as pessoas”, aponta o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Wilis Lyra.

Nos primeiros oito meses do ano foram mais de cinco mil acidentes e 201 mortes, só nas rodovias federais que cortam o Espírito Santo.

A estrada pode até estar bem cuidada, mas o que acontece para a polícia é uma combinação desastrosa de excesso de velocidade e desrespeito a sinalização. Juntando a imprudência ao cansaço, o risco de acidentes só aumenta.

Uma carreta no canto da estrada de Guarapari, Espírito Santo, serve de exemplo. Ela bateu de frente em outra carreta. As duas pessoas que dirigiam morreram na hora. A polícia acredita que uma delas dormiu ao volante.

Dois dias antes, na BR-262, que liga Vitória a Belo horizonte, um carro caiu em um barranco. Eduarda, de 17 anos, morreu no acidente. O jovem que dirigia o carro está internado. A suspeita é de que ele também tenha dormido.

O motorista com sono da carona ao perigo.

“Ele perde a noção de risco. Você tem perda da noção de profundidade, da noção de distância, que é semelhante ao mesmo impacto do álcool no organismo”, aponta o pneumologista Sérgio Barros.

Quem fiscaliza a estrada também se preocupa com o próprio sono. Os policiais rodoviários agora fazem exames. Dormir mal pode comprometer o trabalho nas rodovias.

“Depois desses testes feitos, vários colegas descobriram esses problemas e já estão fazendo tratamento”, diz o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Jehan Morais.

O exame pode ser revelador.

“Nós podemos ver quantas vezes você acorda durante uma noite de sono, quantas vezes você parou de respirar, se você roncou, se você não roncou”, enumera o pneumologista.

Os motoristas de uma empresa de ônibus também passam pelo laboratório do sono. Eles ainda são monitorados durante a viagem. Uma câmera na cabine filma tudo.

“Ela mostra o que eu estou fazendo e se passar um por mim, fizer uma trapalhada na minha frente, a câmera também está filmando”, detalha o motorista José Custódio.

As gravações mostram a importância de se estar preparado para o imprevisto. Em uma delas, um carro desgovernado invade a contramão. O que vai acontecer? O motorista desvia. A imagem some no momento em que o carro atinge um lado do ônibus, mas volta. O motorista consegue segurar o ônibus. Ninguém morreu.

Na estrada não há espaço para desatenção. Um cochilo pode custar uma vida.

“O condutor pode não ter uma outra chance de evitar um acidente, evitar a sua morte e a de outras pessoas”, ressalta um policial.
Veja o vídeo no: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/09/imprudencia-e-cansaco-provocam-desastres-nas-estradas-do-pais-veja.html