Dos R$ 4 milhões disponíveis para a pasta, as rodovias são prioridade absoluta

O governo admite não ter como dar conta de todas as demandas nas rodovias estaduais, mas garante que nunca aplicou tantos recursos no setor. A atual gestão conta com R$ 4 bilhões do Pacto por Santa Catarina para realizar obras de infraestrutura – e, nesse campo, as rodovias são prioridade absoluta. “É o maior investimento da história”, destaca o secretário de Estado da Infraestrutura, Luiz Fernando Vampiro. Na sua avaliação, no que toca à malha estadual, não há atraso em 60% das obras, como diz a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado). “Do total contratado, 73% já foi realizado”, garante.

O secretário diz que o monitoramento que a Federação realiza é positivo, porém pontual, e a malha estadual tem oito mil quilômetros, 5,8 mil dos quais são pavimentados – e a maioria das estradas tem mais de 25 anos de uso. O resultado é que o último período de chuvas torrenciais, que durou 20 dias, acelerou em quase dois anos a depreciação das rodovias, com desbarrancamentos que interromperam o tráfego em várias regiões do Estado. Atualmente, estão em execução obras que correspondem a um investimento de R$ 2,5 bilhões só na área rodoviária. “Não há obras paralisadas”, reforça o secretário. “E temos mais de R$ 100 milhões em licitação no momento”.

Um dos projetos que o secretário Vampiro considera “icônicos” é a pavimentação da SC-477, que liga Papanduva, no Planalto Norte, a Doutor Pedrinho, no Vale do Itajaí. Ali estão sendo investidos mais de R$ 220 milhões, mas o esforço é compensador – a via vai encurtar em 100 quilômetros a distância entre duas regiões importantes até hoje ligadas por via não pavimentada. Para a SC-283, que vai de Concórdia a Iporã do Oeste e é considerada uma das rodovias mais mal conservadas do Estado, há um estudo na Secretaria de Infraesterutura que prevê a restauração do trecho, que é longo e atende a uma região forte na produção de proteína animal.

Neste caso, além de recuperar o pavimento, o Estado está tratando de remodelar os trechos mais sinuosos, porque há serras e curvas que aumentam o risco de acidentes. Nas últimas décadas, tem crescido a pressão dos prefeitos pela construção de anéis viários que tirem o tráfego pesado das áreas urbanas. A secretaria fez contornos em Xanxerê, Seara, Campo Erê, Rio das Antas e Ouro/Capinzal (cidades separadas pelo rio do Peixe), entre outros municípios catarinenses. Ao todo, são 473 quilômetros de obras em andamento.

Duplicação vai desafogar SC-486

Uma estrada importante e até há pouco repleta de remendos e desníveis é a rodovia Antônio Heil (SC-486), que liga Brusque a Itajaí. Hoje, quem passa por ali é surpreendido por um grande canteiro de obras que contém trechos prontos e outros que serão concluídos até abril de 2018, quando o governo do Estado pretende entregar a duplicação ao público. Com muitas indústrias ao longo do trajeto e transporte pesado de contêineres, a 486 enfrenta, no entanto, um óbice que são as desapropriações na altura do entroncamento com a BR-101, em Itajaí. “Atualmente, esse item representa cerca de 30% do custo de uma obra”, informa o secretário da Infraestrutura.

Luiz Fernando Vampiro diz que as PPPs (parcerias público-privadas) e as concessões podem ser uma boa saída para a viabilização de obras que os governos, quase sem recursos, custam a tirar do papel. No entanto, os projetos devem ser atraentes para os investidores privados, o que esbarra na esperteza de caminhoneiros que desviam as rotas e usam vias secundárias para fugir do pedágio. “Na região Oeste, temos uma via federal pedagiada, porém os motoristas utilizam duas estradas estaduais, prejudicando a concessionária e sobrecarregando vias que não foram construídas para o transporte de cargas tão pesadas”, afirma.

A Secretaria de Estado do Planejamento tem um estudo sobre as concessões rodoviárias em Santa Catarina, realizado em parceria com o Ministério dos Transportes e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Ali estão cálculos para a concessão da BR-280, que liga São Francisco do Sul ao Planalto Norte, passando por Jaraguá do Sul e incluindo as SCs 108 e 418 (São Bento do Sul), BR-470 (em todo o trajeto catarinense), BR-163 e BR-282. No entanto, o ideal é pensar de forma integrada para alcançar melhores resultados. “Na área rodoviária, precisamos fazer um planejamento que envolva os três Estados do Sul”, defende o secretário Vampiro.

Fonte: ASCOM