No domingo, dia 22 de setembro a maior tragédia registrada em Erechim, o acidente com o ônibus escolar que caiu dentro do reservatório da Corsan, completou nove anos. Durante este tempo, um longo processo se estendeu por Erechim, Tribunal de Justiça e Superior Tribunal de Justiça sem ainda os envolvidos no acidente serem julgados. Nesta segunda-feira, dia 23 de setembro, pais, mães e irmãos das 17 vítimas estiveram novamente em frente ao prédio do fórum protestando por justiça.

No acidente morreu o garoto Lucas Vezzaro de 14 anos, para quem o editor do www.estradas.com.br e Coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto dedicou o livro: “Acidentes Não Acontecem”. Na ocasião ele salvou três colegas do afogamento. Quando voltou para salvar a quarta, acabou morrendo afogado junto com as outras crianças que não sabiam nadar e se agarraram a ele.

O mecânico industrial Dilceu Pértile, que perdeu dois filhos na tragédia, conta que todos os anos, no dia do acidente, as famílias se reúnem e realizam uma celebração. Após, juntos, vão ao cemitério levar flores e ascender velas para as 16 crianças e a professora que morreu no que foi a maior tragédia registrada em Erechim.

Este ano não foi diferente. O ritual do dia 22 de setembro foi cumprido, mas algumas rosas brancas e velas foram levadas para frente do prédio do Fórum de Erechim. “Trouxemos velas e flores aqui no fórum porque parte dos nossos filhos está enterrado aqui, junto com o processo que não condenou os criminosos”, desabafa Pértile.

Durante a missa de domingo, uma mensagem foi lida para todos os presentes. Após os pais assinaram e ontem foram fazer a entrega para o juiz da 1ª Vara Criminal. Como a juíza de direito Adria Josiane Müller Gonçalves Atz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Erechim, está de férias, o juiz substituto, Antônio Carlos Ribeiro, recebeu os pais, fez a leitura da carta, e se comprometeu em repassar para a titular analisar.

Além de clamar por justiça, as famílias estão querendo transformar o dia 22 de setembro em uma data municipal de Conscientização para um Trânsito mais Seguro. “Queremos transformar uma data de muita dor para nós num momento de reflexão para todos os motoristas”, comenta Vera Lucia Pereira da Silva, mãe de uma das vítimas.

Para Rizzotto, que dedicou o livro ao “pequeno grande herói”, não há justificativa para demorar tantos anos para que a Justiça seja feita. “Os familiares dessas vítimas já sofrem com a dor da perda, não é justo que tenham que padecer ainda da morosidade dos processos. A história de Lucas e o drama de todos neste acidente são um símbolo da impunidade que vigora no Brasil, principalmente quando envolve vítimas de acidentes de trânsito.”