A pedido da Ecovias, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou proibição ao protesto de metalúrgicos na Rodovia Anchieta. E determinou que qualquer paralisação na rodovia resultará em multa de R$ 1 milhão por dia. Ocupações nas vias, nas faixas de rolamento, no acessos, nos acostamentos, nas pontes, nos viadutos ou em qualquer área de edificações, o que inclui praças de pedágio, estão proibidas. O sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Força Sindical e a CUT mantiveram a manifestação, mesmo com a decisão judicial.

A Polícia Militar informou que estará presente hoje, a partir das 7h, com “policiamento ostensivo” na Anchieta e imediações. O objetivo é impedir que manifestantes atrapalhem o acesso às vias. Metalúrgicos combinaram concentração em frente à portaria principal da Mercedes-Benz, na Avenida Alfred Jurzykowski, 562, na Vila Paulicéia, em São Bernardo – Km 15,5.

A pauta da categoria – que inclui trabalhadores das montadoras, autopeças e outros segmentos da indústria – tem o objetivo de discutir o atual quadro desse setor no País. A crítica é feita quanto ao expressivo volume de importações, que prejudica a concorrência nacional.

Um dos argumentos é que o segmento atravessa processo de desindustrialização porque não gera oportunidades de empregos no mesmo ritmo que no passado. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgticos de São Paulo, Eufrozino Pereira da Silva, disse que cerca de 100 mil postos de trabalho deixaram de ser abertos no setor automobilístico por conta dos importados. Ele citou que, há três anos, foram licenciados 142 mil veículos de fora. Volume que saltou para 320 mil neste ano.

MANIFESTAÇÃO – Apesar da liminar concedida à concessionária da via, o Sindicato dos Metalúrgicos descartou abandonar a manifestação, mesmo com a contrapartida de multa.

O presidente da entidade Sérgio Nobre criticou a decisão do TJ e comparou o ato à “ditadura”, ao afirmar que nem a censura impediu a categoria de reivindicar pedidos por meio de ocupações nas ruas e empresas. “O que caracteriza uma sociedade democrática é o direito de o seu povo se manifestar livremente, e esse direito é safrado; de ir às ruas, avenidas, praças e vias públicas para poder dizer o que pensa e expressar suas vontades.”

Nobre ressaltou o histórico de protestos do sindicato “em defesa do direito democrático no Brasil” e disse que não será “uma liminar antidemocrática, que é resquício do regime militar, que nos impedirá de fazer essa manifestação”. Afirmou ainda que o ato se trata de defender o País e relembrou que, no fim da década de 1970, era proibido fazer greves “porque a lei era injusta”.