Os fechamentos ocorreram a cada 15 minutos e a cada momento em um sentido da via.

A rodovia MG-424 amanheceu com o trânsito parcialmente interditado, na altura de Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (19). Um grupo de cerca de 150 pessoas fizeram um protesto na via contra dois novos pedágios implementados na rodovia.

De acordo com o assessor de imprensa da prefeitura de Pedro Leopoldo que participa do protesto, João Paulo Costa, os fechamentos ocorreram a cada 15 minutos e a cada momento em um sentido da via.

“Estamos entregando panfletos e explicando aos motoristas os impactos desse pedágio. Segundo ele, o manifesto segue pacífico e a pretensão dos protestantes é de ficar na rodovia até as 10h”, explicou. A Polícia Militar acompanhou o protesto.

As interdições ocorreram por 1h30 de 7h às 8h30. O trânsito ficou lento tanto no sentido Belo Horizonte quanto no sentido Lagoa Santa, na região metropolitana da capital.

Prefeituras vão entrar na Justiça

As prefeituras de Pedro Leopoldo, Confins e São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte, pretendem entrar nesta quinta-feira (19) com uma ação na Justiça para pedir a suspensão do edital de concessão da MG–424 que prevê a implantação de dois pedágios no trecho de 51,08 km.

A estimativa é que quase 20 mil motoristas passem pela rodovia por dia. Os municípios questionam “inconsistências” detectadas no certame, previsto para ser aberto em 5 de junho, como a implantação de uma praça de pedágio em um trecho que eles já consideram “pronto”, duplicado e em boas condições de tráfego.

O edital prevê a concessão entre os municípios de Vespasiano, na região metropolitana, e Sete Lagoas, na região Central. Uma das praças de pedágio será instalada entre Matozinhos e Prudente de Morais, na região Central. A tarifa prevista é de R$ 2,61, considerando valores de janeiro de 2018. O outro pedágio ficará próximo a São José da Lapa, com cobrança de R$ 3,80.

“O que causa muita revolta na população é o fato de termos a melhor parte da rodovia e pagarmos o valor mais caro. Com a qualidade do trecho que nós temos aqui hoje, não tem necessidade de ter pedágio, porque já está pronto. Precisamos apenas de conservação, o que já é feito”, afirmou o prefeito de São José da Lapa, Diego Álvaro (PT).

Ele diz que não é contrário à concessão, mas pontua que, se o pedágio for de fato necessário, a tarifa cobrada deve ser rediscutida.

A previsão é que, quando a cobrança começar, o que deve ocorrer nove meses após o início do contrato, o valor alcance R$ 4,20. “Cerca de 3.000 moradores precisariam pagar o pedágio para ir para Belo Horizonte, onde muitos trabalham. O prejuízo seria muito grande”, disse.

Outro problema, segundo o procurador geral de Pedro Leopoldo, Cristiano Pereira, é o critério para a definição da empresa vencedora

“O vencedor da concessão é o licitante que oferece o menor valor de pedágio. O Estado não está observando essa tendência e vai eleger a empresa com maior valor de outorga. Não há preocupação com o cidadão que paga o pedágio, a intenção é arrecadar dinheiro”, disse. “Já os eventuais prejuízos que ela venha a ter com uma possível redução do fluxo serão equilibrados com aumento da tarifa”, afirmou.

Para o procurador de Confins, Gustavo Valadares, o pedágio vai encarecer os serviços nas cidades. “Temos muitas empresas instaladas em Confins com trabalhadores que moram em Belo Horizonte, e o pedágio encareceria ainda mais o custo de vida deles”, pontuou.

O que diz a Setop 

A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) afirmou que está aberta à discussão e que a proposta do governo é desenvolver a vocação da MG como “elo propulsor de desenvolvimento da região”. A pasta informou, ainda, que o projeto de concessão “está totalmente embasado em metod ologias juridicamente respaldadas”.

Conforme a Setop, os moradores de Pedro Leopoldo, Capim Branco e Matozinhos terão a opção de usar a LMG–800 e, depois, a MG–010 para ir a Belo Horizonte. A praça de pedágio ficará após São José da Lapa no sentido Pedro Leopoldo e, segundo a pasta, não vai afetar os moradores que se dirigem à capital.

Os residentes em Confins que forem para Pedro Leopoldo, Matozinhos e Belo Horizonte não pagarão pedágio.

Fonte: O Tempo