A mobilização dos moradores da região metropolitana de São Paulo contra a cobrança de R$ 3,50 nas marginais da Castelo Branco teve resultados drásticos para a concessionária Viaoeste.

Só 20 mil dos 35 mil usuários esperados diariamente utilizam os 11 quilômetros das pistas, em cada sentido da rodovia, inauguradas desde janeiro e que custaram R$ 180 milhões. O índice de usuários satisfeitos com os serviços da empresa caiu de 82% para 72%.

O movimento “Acesso Livre Já” chegou a recolher 126 mil assinaturas contra a cobrança e até hoje faz manifestações e panfletos com as rotas para fugir do pedágio.

“Não dá para admitir um valor desses para um trecho tão pequeno”, diz Ângelo Rizzo, um dos responsáveis pela mobilização. “Se a gente não abrisse a boca, todo mundo teria engolido. É uma briga de longo prazo”, afirma.

Segundo a Viaoeste, em torno de 40% dos motoristas escapam do pedágio das marginais, principalmente pelo “acesso da Petrobras”. Esses veículos pegam a entrada para Osasco e seguem pelas avenidas Robert Kennedy e Jussara, paralelas à Castelo. Eles voltam para a estrada da Viaoeste logo depois da praça de cobrança. Ou seja, podem desfrutar dos serviços da concessionária.

A pressão de moradores de Alphaville, Carapicuíba e região fez a própria Comissão de Concessões reconhecer a necessidade de redução do valor da cobrança. Proporcionalmente à extensão das marginais da Castelo, esse pedágio chega a custar cinco vezes mais que a média por quilômetro no restante da malha do Estado.

Apesar da queda na arrecadação, a Viaoeste aceitou abdicar do aumento para R$ 3,90 previsto para julho passado, mas condiciona um menor preço do pedágio à alteração de outras exigências do contrato de concessão.

“Enquanto não houver uma solução para esse problema, não queremos nem discutir a possibilidade de bloqueio das rotas de fuga”, diz Silvio Augusto Minciotti, coordenador-geral da Comissão de Concessões do governo.

Para manter a cobrança nos preços atuais, a concessionária está respaldada em cláusulas contratuais. No próximo ano, porém, elas poderão ser colocadas em xeque caso os níveis de congestionamento na pista expressa se mantenham abaixo da exigência.

O contrato prevê que a estrada não poderá ter mais de 50 horas de congestionamento em um ano. O Estado chegou a notificar a Viaoeste em julho passado porque esse nível já teria sido ultrapassado, mas a contagem só será válida depois de um ano de construção dos dois lados das marginais, ou seja, no primeiro semestre de 2002. “Oficialmente, ainda não podemos cobrar. Mas já sabemos que os níveis de qualidade não serão atingidos”, diz Minciotti.