O trecho de uma das Rodovias Federais mais movimentadas do País foi completamente interditado no fim da tarde de ontem, sexta-feira. Manifestantes fecharam a BR-381, altura do quilômetro 508, no Bairro Residencial Casa Grande, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de BH, queimando pneus e pedaços de madeira. Segundo a PRF, às 19h a via foi liberada apenas no sentido São Paulo/ BH. Eles reivindicam a instalação de uma passarela no local para garantir mais segurança para os moradores da região. “Já construíram três em Betim, mas pularam Bicas e construíram outras três em Igarapé. Aqui (em Bicas) estão fazendo uma, mas é longe de onde queremos que construa pois muita gente atravessa neste ponto”, disse Antônio Silvério, 54 anos, um dos líderes do movimento.

Segundo os manifestantes, atropelamentos são comuns no trecho. O estopim para o protesto foi a morte de Leonildo Francisco Pereira Santos, de 29 anos. De acordo com Fernanda Santos, 23, sobrinha do rapaz, ele foi atravessar a BR por volta de 19h do último domingo (26/8) e foi atingido por um carro. “Ele chegou a ser socorrido, mas morreu na madrugada de segunda-feira vítima de politraumatismo. Deixou mulher e duas filhas”, lamentou. “Aqui é conhecido como curva da morte”, completou Antônio.

Segundo ela, várias reclamações já foram feitas na Prefeitura da cidade, mas nenhuma obteve retorno. “Eles dizem apenas que está no projeto”, disse. Embora a administração da Rodovia seja da Autopista Fernão Dias/ OHL, apenas um dos manifestantes afirmou ter ligado para a empresa para tentar solucionar o problema, retorno que também não foi dado.

Durante o protesto, os manifestantes permitiram a passagem apenas de uma ambulância. Uma viatura do Sistema Prisional foi proibida por eles de passar pelo bloqueio, o que causou um pequeno rebuliço entre manifestantes e agentes penitenciários. “Um deles (agente) chegou a sacar a arma para mim. Eu disse para ele que a manifestação era pacífica, que não precisava disso. E nós não vamos deixar passar se não for emergência”, afirmou o comerciante Daniel Ribeiro, 23 anos.

O agente, no entanto, negou ter sacado o revólver. “Quando a ambulância estava vindo eu cheguei próximo para negociar nossa passagem também, então veio um monte de gente em cima de mim, aí eu apenas coloquei a mão na arma que estava na cintura”, relatou o homem que por segurança não terá seu nome citado na matéria. Outro agente, que também não será identificado, disse que eles não podem ficar parados durante o serviço. “Nosso trabalho é sempre de emergência. Somos agentes penitenciários e levamos presos para todo lado. Muitos deles têm rixas com a gente e por isso é perigoso que a gente fique parado assim”, justificou. No momento, a viatura não transportava nenhum presidiário. Eles vinham de Alfenas, no Sul de Minas e seguiam para Belo Horizonte. Um caminhão dos Bombeiros foi acionado para apagar o fogo provocado pelos manifestantes, mas também não pôde passar o bloqueio.

A Polícia Rodoviária Federal esteve no local e monitorou o fato. “Por enquanto a manifestação é pacífica e estamos fazendo o acompanhamento. Informamos aos nossos superiores que estão analisando para tomar as medidas cabíveis”, disse o policial Silvânio Melo.

Até às 18h30, o engarrafamento no sentido BH/São Paulo chegava a 11 quilômetros e no sentido São Paulo/BH a Polícia Rodoviária Federal estimou cerca de 6 quilômetros. A pista só foi liberada às 19h40. Os manifestantes ameaçam parar a via novamente na próxima quinta-feira, antes do feriado de 7 de setembro, caso o problema não seja solucionado.