Como toda Semana Nacional do Trânsito o assunto entra na pauta dos principais veículos de comunicação e muitos políticos sobem nos palanques prometendo mundos e fundos. Infelizmente, as promessas ficam restritas aos discursos fáceis,   campanhas eventuais, com ações isoladas e cada vez mais raras.

Há conquistas importantes da classe política, como a injustamente chamada de Lei Seca, afinal ninguém é proibido de beber, o que a lei visa é punir quem consome álcool e dirige. Mas sempre aparecem seus detratores.

Um exemplo grave da demagogia perigosa é o caso das motocicletas, hoje responsável por mais de 70% das indeinizações pagas pelo DPVAT para vítimas e familiares de vítimas de acidentes de trânsito.

Ao invés de alguns políticos contribuírem com o aperfeiçoamento da legislação, para diminuir as mortes e o aumento da invalidez permanente de jovens motociclistas, aparecem com promessas inviáveis de reduzir o valor do DPVAT para motos.

Ora, quanto mais acidentes com motos, mais vítimas graves, maior custo para a sociedade, maior o drama humano e naturalmente o valor do DPVAT para motos tem que aumentar para não inviabilizar o seguro que protege a todos os brasileiros.

Paralelamente, há lobbys poderosos que visam aumentar a jornada de trabalho dos motoristas profissionais, com tentativas de derrubar ou tornar inaplicável a Lei 12.619/12 que estabeleceu limite de tempo de direção dos motoristas.

As consequências aparecem nas estradas com caminhoneiros submetidos a regime de quase escravidão, dormindo em condições precárias, ganhando pouco. Daí os acidentes graves que colocam em risco todos os usuários de rodovias. Para cada caminhoneiro que morre em acidente, outras 10 pessoas, entre pedestres e ocupantes de outros veículos vão morrer em decorrência dos acidentes com caminhões.

Muitos políticos aparecem também combatendo as multas por excesso de velocidade e fazem questão de chamar de Indústria da Multa. Embora eventualmente ocorram alguns abusos, o fato é que precisamos controlar o excesso de velocidade e ninguém é obrigado a andar acima do limite da via. Quem o faz e é flagrado, é responsável e deve ser punido. Afinal, coloca em risco a vida de terceiros, além da própria e não tem esse direito. E a maioria dos motoristas respeita a legislação de trânsito e não aceita este comportamento.

Por isso, valorize quem luta pela preservação da vida no trânsito Exija aplicação rigorosa da lei para os infratores, contribua sendo um pedestre, passageiro e motorista responsável. Valorize as leis e ações que contribuam para estimular o trânsito seguro. Exija dos governantes medidas no seu bairo, cidade, estado, que possam efetivamente contribuir para reduzirmos as mortes no trânsito.

Não aceite o discurso fácil e demagógico de alguns. Somente com mais rigor e campanhas educativas sérias poderemos diminuir essa tragédia diária que assola o país.

Afinal, 50 mil mortes por ano e mais de 500 mil feridos merecem nosso respeito e empenho. Estamos falando de seres humanos, não de números. Sendo que nas estatísticas os familiares das vítimas não aparecem, mas quem perdeu um ente querido no trânsito ou cuida de um inválido em casa, sabe que não podemos mais esperar e temos que agir para mudar esse quadro dramático que torna o Brasil uma economia de primeiro mundo mas do ponto de vista humano, um país de terceiro mundo. Seja você também um defensor da vida no trânsito.

*Rodolfo Alberto Rizzotto é editor do www.estradas.com.br e Coordenador do SOS Estradas – Programa de Segurança nas Estradas