O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou um inquérito para apurar se houve descumprimento legislação trabalhista no que culminou com um acidente com 36 mortos e 12 feridos no último dia 3 próximo a Milagres, na BR-116. Os 44 passageiros do ônibus eram trabalhadores pernambucanos.

Segundo o MPT, os trabalhadores foram recrutados na Central Energética Vicentina Ltda. para trabalhar no corte de cana em Mato Grosso do Sul. O veículo em que eles estavam, segundo informações iniciais, não tinha autorização para fazer esse tipo de transporte. O ônibus colidiu de frente com uma carreta e um caminhão.

A procuradora Flávia Vilas Boas de Moura, do MPT do município de Vitória da Conquista, decidiu instaurar o inquérito por entender que houve lesão à coletividade e por encontrar indícios de transporte irregular de trabalhadores.

Agora, a procuradora vai requerer o boletim de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal e deve ouvir os responsáveis das empresas contrante dos trabalhadores e da transportadora. A procuradora também destaca que não houve informações sobre os motoristas da carreta e do ônibus, para quem trabalhavam e que jornada de trabalho cumpriam.

Carreta dirigida por Márcio Clênio bateu em ônibus e provocou tragédia na estrada

Inquérito da polícia
Segundo a delegada Maria do Socorro Damásio, responsável pelo caso, o motorista da carreta que teria provocado o acidente, Márcio Clênio Machado, deve ser indiciado por homicídio doloso – quando há intenção de matar. Em depoimento no último dia 5, ele negou que tenha provocado o acidente e garantiu que a colisão que deixou mais de trinta mortos foi provocada pelo condutor do ônibus, que teria invadido o sentido contrário da via.

“A versão dele, no entanto, foi desmentida pelo motorista do caminhão-baú, que viu o motorista da carreta seguir pela faixa do meio, jogando a traseira do veículo em direção ao ônibus após perceber que não teria como escapar do acidente”, pontuou Maria do Socorro à época.