Em 2009, o Paraná foi o quarto estado da federação com o maior número de mortes nas rodovias administradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ano passado foram registrados 462 óbitos.

Nos seis primeiros meses de 2010 esse número já alcança 306, o que deixa o Paraná como o segundo Estado com rodovias federais mais violentas, perdendo apenas para Minas Gerais (471 mortes).

Em todo o Brasil, 4.067 pessoas já morreram em acidentes nas rodovias federais. As informações estão no estudo Estatística de Acidentes, divulgado ontem pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

A razão para isso, segundo o inspetor Gilson Cortiano, da PRF, é a recente mudança na administração das rodovias. No primeiro semestre de 2009 a PRF administrava 1.100 quilômetros no Paraná.

“Absorvemos essa estatística de mortes registradas pela PRE (Polícia Rodoviária Estadual), pois em junho do mesmo ano passamos a administrar 3,5 mil quilômetros. Sem contar que tivemos um grande crescimento da frota e da área de trânsito”, diz.

O Dnit apontou ainda que sábado é o dia mais violento no Paraná. Foram 1.655 acidentes em 2009 e 674 nos sábados dos primeiros seis meses de 2010. Segundo o estudo o horário mais violento das estradas paranaenses é das 18h às 19h. Foram 1.226 acidentes em 2009 e 787 nos primeiros meses de 2010.

Para o inspetor, existe uma razão para esse período mais violento. “Temos uma condição diferente no final de semana, pois a redução de carros gera o aumento da velocidade, o que favorece os acidentes”, diz.

Sábado, além de ser o dia mais crítico, é o período que motoristas mais dirigem embriagados. Apenas entre janeiro e agosto de 2010, foram feitos 85.541 testes, que resultaram em 2.007 multas e 1.144 motoristas presos.

Perfil

Segundo a pesquisa, em 2009 e 2010 homens e mulheres entre 30 e 40 anos foram os que mais estiveram envolvidos em colisões. Foram 6.836 em 2009 contra 4.314 nesse ano.

Sobre os vitimados, a pesquisa afirmou que em 2010 mudou o perfil de idade das pessoas que saem feridas em acidentes no Paraná. Em 2009, a faixa etária dos 18 aos 23 anos estava com o maior número de feridos em acidentes, com 1.310 ocorrências que resultaram em 52 mortes.

Em 2010, no entanto, o grupo com maior número de feridos passou a ser o de 28 a 33 anos de idade, com 26 ocorrências sem óbitos. Para o especialista Pedro Correa, autor do livro 20 Anos de Lições de Trânsito, a nação carece de um plano de segurança no trânsito.

“Não temos um programa para implantar ações. As coisas ficam a Deus dará, pois falta um plano que contemple atuar não só nas causas, mas identificar os riscos maiores que geram as mortes”, opina.

Para ele, as campanhas até existem, mas não com a devida eficácia. “Vemos programas tímidos que eventualmente os órgãos fazem de forma limitada e restrita ao seu estado. Precisamos de uma campanha firme que mostre os riscos desses acidentes”, afirma.