A Polícia Federal abriu inquérito para investigar se os empresários que controlam o transporte por caminhões estão por trás dos protestos que bloquearam rodovias em seis estados.
O governo endureceu o discurso desde que as manifestações começaram a causar prejuízos.

A presidente Dilma disse que não negocia com quem prejudica a atividade econômica e a vida da população. Na Câmara, uma comissão especial mudou a lei dos caminhoneiros e apresentou outro projeto que aumenta o tempo dos motoristas nas estradas.

Pontos de descanso nas estradas. Uma raridade. “A gente improvisa, para quando encontra um cantinho, é até perigoso”, diz um caminhoneiro.

Os pontos estavam previstos na chamada lei dos caminhoneiros, aprovada há pouco mais de um ano e que foi revogada na quarta-feira (03) na Comissão Especial da Câmara, um novo projeto foi apresentado e o motorista vai ficar mais tempo na estrada.

Hoje a jornada pode chegar a dez horas. O motorista dirige por até quatro horas seguidas, para meia hora, dirige mais quatro e faz outra parada. São permitidas duas horas extras por dia.

Pelo projeto, o caminhoneiro pode rodar até 12 horas no dia; dirige por até seis horas seguidas. O intervalo de meia hora pode ser dividido. São permitidas até quatro horas extras por dia.

O descanso entre uma jornada e outra cai de 11 para oito horas ininterruptas. As outras três horas podem ser divididas ao longo do dia.

“Durante as 12 horas, ele vai ter quatro horas para descanso, para paradas, para almoço, para fazer o que quiser. Antes ele tinha que parar obrigatoriamente, agora ele vai parar aonde puder”, explica Valdir Colatto (PMDB-SC), relator do projeto.

“Constitui-se uma comissão e o maior benefício que se traz é aumentar a carga horária, é aumentar a jornada de trabalho. Tem alguma coisa errada”, declara o deputado Hugo Leal (PSCRJ).

O novo texto também prevê a construção de pontos de parada. O projeto propõe um pedágio diferenciado para quando os caminhões circularem vazios. Isso deixaria a cobrança, segundo o relator, até 40% mais barata. O texto ainda precisa passar por outras comissões antes de ser votado no plenário da câmara.

Mudanças pedidas pelos caminhoneiros em protestos que estão na mira do governo. A polícia Federal investiga a suspeita de lockout – paralisação coordenada por empresários de transportes. No caso, o Movimento União Brasil Caminhoneiro, presidido por Nélio Botelho. Ele também é presidente de uma cooperativa de motoristas autônomos que, segundo o governo, tem 39 contratos com a Petrobras, no valor de R$ 4 milhões por mês.

“Por trás desse movimento há interesses específicos e que, por isso mesmo, deve ser apurado para não prejudicar a nação brasileira, a economia do país”, declara César Borges, ministro dos Transportes.
Nélio disse que a cooperativa tem, no máximo, 16 contratos. “O governo está querendo pegar alguém como bode expiatório de uma questão como essa”, diz Nélio Botelho, presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro.
Durante uma cerimônia em Brasília, a presidente criticou os bloqueios. “Não concordamos com processos que levem a qualquer turbulência nas atividades produtivas e na vida das pessoas”, declara Dilma Rousseff.
A Petrobras não se manifestou sobre os contratos com a cooperativa dos motoristas autônomos.