Muita gente foi pega de surpresa ao saber das novas tarifa do pedágio, que se iniciou as zero hora deste domingo, dia 1º de janeiro, e que terá aumento de 7,7%. E a reação não foi nada favorável. Para motoristas que se deslocam em veículos leves, e que usam quase que diariamente o pedágio do Capão Seco, entre Rio Grande e Pelotas, o preço subiu de R$ 7,80 para R$ 8,40. Os R$ 0,60, com certeza farão muita diferença. Ao final do dia, serão R$ 1,20 a mais. E se contados cinco dias por semana, serão R$ 24 ao mês.

Se comprarmos, uma passagem de ônibus, do terminal rodoviário do Rio Grande ao de Pelotas, o custo é de R$ 9,15. Se for da parada na ERS-734, próximo ao Trevo, com parada no IFRS, antiga Escola Técnica em Pelotas, o valor é R$ 7,15. Na verdade, compensa mais ir com o transporte coletivo, sem o estresse da viagem, da estrada e sem comprometimento com o volante.

Para os caminhoneiros, a situação é mais difícil ainda. Embora os preços sejam diferenciados por eixo, os de cinco eixos, que pagavam R$ 27,90, a partir de domingo, estarão pagando R$ 29,10. Indo e vindo de Pelotas, por exemplo, irão desembolsar R$ 58,20 no lugar dos R$ 55,80, e que já era considerado “um absurdo” pelos profissionais. A principal reclamação dos motoristas, na relação custo/benefício, é quanto a qualidade do serviço prestado, principalmente o estado da estrada, a BR-392 (Rio Grande/Pelotas) e a BR-116 (Pelotas/Porto Alegre).

O caminhoneiro Leonardo Marques da Silva, que não sabia do aumento, indignou-se. Disse que com o preço de hoje gastava R$ 162 para ir e vir de Camaquã. “E agora, quanto mais vou ter que pagar para trabalhar. Se a estrada fosse boa, mas é tão ruim, com tantos desníveis, que este ano já tive que soldar três vezes a minha carreta”.

O paulista João Batista, também caminhoneiro, assustou-se ao saber da nova tarifa. “Eu não sabia desse aumento. E é um roubo. Uma vergonha o preço que pagamos para trafegar em uma estrada dessa qualidade”. Há 33 anos na profissão, garante que em estradas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, por exemplo, além de ser extremamente mais baixo o valor, se a carreta transitar com eixo erguido não paga. “Aqui não. Paga tudo, até o que não se usa. este lugar é maravilhoso para morar, mas horrível para trabalhar”, resume.

Há 10 anos, dirigindo pelas estradas o também caminhoneiro Loreno Cardoso enfatiza que o novo preço não é justo. “As estradas são horríveis, cheias de desníveis, buracos. Em outros lugares além da tarifa ser bem mais em conta, a faixa é muito melhor”. Anderson Borges acabou de comprar um carro. E já foi quatro vezes a Pelotas. Se assustou ao saber que pagaria mais pelo curto trecho. “Se a estrada fosse condizente, tudo bem. Mas pagar R$ 16,80 para ir a uma cidade vizinha e com a estrada nesse estado, é um absurdo”.

O diretor superintendente da Ecosul, engenheiro Roberto Paulo Hanke, informa que as tarifas foram atualizadas conforme Resolução nº 3754, de 20 de dezembro de 2011, da Agencia Nacional de Transportes Terrestres/ANTT, publicada no Diário Oficial da União, seção I, em 22 de dezembro de 2011, e são válidas para os postos de pedágio nas praças de Retiro, Cristal e Pavão, da rodovia BR-116/RS, trecho Camaquã – Jaguarão e nas praças Capão Seco e Glória, da rodovia BR-392/RS trecho Rio Grande – Santana da Boa Vista. “A tarifa, conforme a resolução, é determinada pelo Governo Federal, cabendo a Ecosul cumprir”, ressalta Hanke.

Pedágio a menos de R$ 2 em São Paulo e Minas

Os motoristas dizem não entender porque em outros estados, e mesmo dentro do Rio Grande do Sul, os pedágios tem uma diferenciação muito grande de preço se comparado ao daqui. Quem utiliza a BR-116, veículo leve, trecho São Paulo/Curitiba (Rodovia Régis Bittencourt), vai pagar R$ 1,80 pelo pedágio, que atualmente custa R$ 1,70. O reajuste vale para as praças de Itapecerica da Serra, Miracatu, Juquiá, Cajati, Bara do Turvo e Campina Grande do Sul.

Outro exemplo é a BR-381, trecho Belo Horizonte/São Paulo, explorado pela concessionária Autopista Fernão Dias, e onde o valor para veículos leves é R$ 1,40, em oito praças de pedágio. No que diz respeito às diferenças de tarifas, o diretor superintendente da Ecosul informa que “há de serem observados itens importantes em cada uma das Concessões existentes. Fatores como VDM (Volume Diário Médio), extensão do trecho concedido e volume de obras são fundamentais na composição da tarifa”, enfatiza. Informa que o custo da tarifa/km da Ecosul é de 0,05 (cinco centavos de real), a média da tarifa/km das concessões da 1ª etapa, inclusive as gaúchas é R$0,13 e a média das concessões da 2ª etapa é de R$0,04.

“A extensão do trecho concedido a Ecosul é de 623,4 quilômetros com um VDM equivalente de 42 mil veículos, e concessões da 2ª etapa do programa do Governo Federal, tem na média entre estas, um VDM de 276 mil veículos, e em algumas, este número é superior a 350 mil veículos/dia. A extensão média das concessões da 2ª etapa é de 400 quilômetros”, finaliza.