Palco de tantos acidentes, o Anel Rodoviário de Belo Horizonte matou, em 2012, mais motociclistas e pedestres. Balanço divulgado ontem pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) mostra que foram 14 mortes em acidentes envolvendo motos e 11 por atropelamento. Do total de 31 mortes registradas no ano passado nos 27 quilômetros da rodovia, seis foram causadas por acidentes entre veículos de passeio. O número de ocorrências aumentou 8,2% no ano passado em relação a 2011, segundo o levantamento. E o de feridos cresceu 11,3%.

O comandante de policiamento da rodovia, tenente Geraldo Donizete, comemora a redução das mortes entre 2012 e 2011, ano em que 33 pessoas morreram na via. De acordo com o tenente, a principal meta para tentar reduzir os números são as ações emergenciais propostas pelo governo de Minas para o Anel Rodoviário, como instalações de grades de contenção no meio da pista para forçar o pedestre a atravessar pela passarela, e também de escadas alternativas nessas travessias. “Hoje, as passarelas têm apenas rampas e o cidadão fica desanimado de ficar dando voltas. Todos os atropelamentos de 2012 foram debaixo ou próximo às passarelas”, disse Donizete. Para diminuir os acidentes envolvendo motociclistas, a PMRv vai intensificar a fiscalização e as campanhas educativas.

Geraldo Donizete atribuiu a redução das mortes às ações adotadas na descida do Bairro Betânia, na Região Oeste, sentido Vitória (ES), onde ocorrem os acidentes mais graves e com mortes, normalmente envolvendo carretas e caminhões que descem em alta velocidade e apresentam falhas mecânicas. “Aumentamos o número de radares e melhoramos a fiscalização”, disse.

Em novembro do ano passado, um pacote de intervenções propostas pelo governo de Minas para o Anel Rodoviário foi encaminhado ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Entre as medidas estão a abertura de espaços para embarque e desembarque de ônibus fora da pista de rolamento, baias emergenciais formuladas para abrigar veículos enguiçados e implantação de mais quatro passarelas, nos bairros Olhos D’Água, São Francisco e Suzana e no trevo de Sabará.

O documento, que foi elaborado pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), relaciona os principais problemas nos 27 quilômetros da rodovia, como estreitamentos de pista, longos declives, construções em áreas invadidas no entorno e uso das margens da rodovia como estacionamento, além da presença constante de pedestres e do desrespeito à sinalização.

O estudo delimita uma faixa exclusiva para caminhões e carretas na pista da direita. Esse espaço seria monitorado por radares e leitores de placas. Áreas de escape são propostas em trechos críticos para que os veículos desgovernados não batam em obstáculos fixos. Três delas ficam na região do Bairro Betânia, onde acidentes com veículos de carga acontecem com frequência. Pela proposta, todo o trecho viário será vigiado 24 horas por dia pela Polícia Militar e por câmeras, tudo coordenado por uma central de controle operacional.

A assessoria de imprensa da Setop informou que as propostas do governo de Minas para o Anel Rodoviário ainda estão sendo analisadas pelo Dnit, que, por sua vez, disse que não haver previsão para uma resposta. Em relação ao projeto de reforma do anel, a Setop informou que em 11 de dezembro foi homologada a empresa que vai executar o projeto de engenharia, orçado em R$ 17 milhões, e que os trabalhos devem começar no final deste mês ou início de fevereiro. “A execução da obra de reforma compete ao governo federal”, informou a Setop.

CAMINHÃO

Na manhã de quarta-feira, mais um acidente foi registrado no Anel Rodoviário. Um caminhão carregado com 10 toneladas de carvão moído tombou na alça de acesso à Avenida Amazonas, no Bairro Madre Gertrudes, Região Oeste de Belo Horizonte. O motorista Wagner Ferreira de Lima, de 29 anos, disse que um Celta freou bruscamente na sua frente e ele, para evitar uma colisão, jogou o veículo para a esquerda. Ao atravessar o canteiro central, segundo ele, a carga pesou e o caminhão tombou.

O carvão ficou espalhado na pista contrária e motoristas que deixavam a Avenida Amazonas para pegar o anel no sentido Vitória (ES) tiveram que fazer o desvio. A cabine do caminhão ficou danificada, mas o motorista não se feriu. Ele disse que dirigia a 20 km/h. Segundo o soldado Leonel Batista, os pneus do caminhão estavam carecas e o caminhoneiro foi notificado devido à má conservação do veículo, podendo ser multado em R$ 127.