O número de campanhas de recall para trocar ou reparar produtos com defeito foi recorde no Brasil, em 2014. Foram 120 campanhas de acordo com dados divulgados ontem (23) pela Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça. Em 2013 foram 109 campanhas e, em 2012, foram 67. Os veículos lideram a lista, com 65% do total das campanhas de recall no ano passado.

Após os veículos automotores (78 campanhas), estão os motocicletas (11 campanhas), produtos de saúde – que incluem medicamentos e cosméticos – (9 campanhas), móveis (3 campanhas) e produtos infantis (3 campanhas). A lista tem ainda eletroeletrônicos, utensílios domésticos, artigos de informática e de esporte e lazer.

A secretária nacional do consumidor, Juliana Pereira da Silva, diz que o aumento dos chamados motivados por defeitos em produtos tem explicações diversas. “Com a criação da Secretaria, tivemos como monitorar de forma mais permanente o que acontece na área de segurança de produtos. Acho também que a cultura da transparência, no caso de defeitos e recalls, começa a crescer no país. A campanha de recall é uma obrigação legal”, disse.

Apesar das campanhas lançadas pelas empresas, muitos consumidores não atendem ao chamado. Entre os motivos apontados pela secretária estão o baixo preço do produto adquirido, período curto de vida útil e a forma como o recall é feito. Em 2013, por exemplo, uma empresa informou os consumidores sobre problemas em uma cadeira infantil e, das 60 unidades afetadas, apenas 2 foram recolhidas.

A secretária Juliana Pereira destaca a importância de atender aos chamados das empresas para garantir a segurança na utilização dos produtos. “É preciso a coparticipação dos consumidores para que esses produtos que estão no mercado e que são inseguros possam ser retirados e subtituídos, reduzindo riscos para a sociedade”, disse.

Os números brasileiros ainda são pequenos quando comparados aos de outros países. Nos Estados Unidos foram 1.580 recalls em 2014, sendo que a lista também é liderada pelos veículos automotores. Nos países da União Europeia, foram 2.755 os chamados para reparo ou troca de produtos.

A partir de agora, a Secretaria Nacional do Consumidor passa a divulgar também o índice de atendimento das campanhas, que retrata a quantidade e percentuais dos atendimentos dos fornecedores aos consumidores afetados por produtos potencialmente nocivos e perigosos. “De um lado as empresas não podem ser furtar à responsabilidade de acompanhar a efetividade dessa campanha e de outro vamos trabalhar na conscientização dos consumidores”.

Agência Brasil