Túnel-bala de 140 metros sob as pistas deve garantir drenagem da água de chuva, ajudando a assegurar integridade do trecho da rodovia que estava ameaçado de colapso na Zona Sul de BH

Quem trafega ou passa pelas vizinhanças da BR-356, na altura do Bairro Santa Lúcia, Centro-Sul de Belo Horizonte, pode perceber facilmente a obra de contenção que foi feita na rodovia para evitar o risco de colapso da estrutura, potencializado pelo último período chuvoso.

Os 308 novos tirantes instalados e a revitalização da cortina atirantada tornam visíveis as intervenções, que alcançaram índice de 95% de conclusão e estão perto do fim.

Mas uma estrutura extremamente importante para garantir o correto funcionamento da contenção não pode ser percebida por motoristas, já que fica sob o asfalto, cortado diariamente por milhares de carros, motos, ônibus e caminhões.

Um canal, popularmente conhecido como túnel-bala, terá a função de captar a água da chuva e garantir o escoamento correto, sem prejuízos à estrutura. A intervenção possibilitará a drenagem do solo, sem sobrecarga sobre as estruturas de concreto, e substituirá o sistema antigo, que já não funcionava como deveria.

Com 140 metros de comprimento, 1,50 de largura e 1,60 de altura em seu ponto mais elevado, a escavação era a alternativa mais indicada, segundo o diretor-geral do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG), Davidsson Canesso.

“O bueiro antigo apresentava problemas como trincas e outras falhas, e por isso era mais viável fazer um novo canal, que vai coletar a água da chuva sem risco”, afirma.

Entre os problemas que causaram a movimentação constatada do terreno, o que obrigou o DEER/MG a interditar duas faixas da BR-356 no sentido Rio de Janeiro por mais de quatro meses, está a falta de efetividade dos antigos tirantes, que não mais eram capazes de garantir 100% a fixação do muro de concreto ao solo estável, o que os engenheiros chamam de terreno competente. Por isso, 308 novos tirantes compostos de vergalhões de aço e concreto foram colocados para que as 16 placas de concreto fiquem devidamente presas e suportem os próximos períodos chuvosos. Cada placa tem 10 metros de comprimento e todo o conjunto soma 160 metros de comprimento por 11 de altura em seu ponto mais alto.

O diretor-geral do DEER informou que, com 95% das obras concluídas, a reforma completa estará finalizada antes de 9 de setembro, prazo final estipulado em contrato. Porém, apesar da liberação do tráfego, ajustes pontuais ainda precisam ser feitos, como a concretagem da sarjeta, que ocorreu na terça-feira.

Na quarta-feira, operários trabalharam ao longo de todo o dia fazendo a pintura das faixas de sinalização, provocando fechamentos parciais ao tráfego no sentido Rio de Janeiro. Além disso, ainda vai faltar encher o bueiro antigo de concreto, outra ação que vai exigir breves interdições de trânsito.

Em março, a Defesa Civil municipal identificou a movimentação do terreno da BR-356 quase em frente ao trevo de acesso ao Bairro Belvedere, o que levantou a possibilidade de desmoronamento de parte da rodovia.

A situação obrigou o DEER/MG a iniciar obras emergenciais, que só foram possíveis após a remoção de 33 famílias que ocupavam imóveis demolidos ao lado do muro de contenção da BR.

Uma das ferramentas usadas durante as intervenções foi um radar de estabilidade de taludes, dispositivo de ponta capaz de medir oscilação de até 0,1 milímetro. O equipamento foi usado para monitorar a estrutura durante 24 horas por dia, já que existia risco de desabamento. A previsão do departamento que cuida das obras públicas do estado é de que o custo de toda a obra gire em torno de R$ 11,3 milhões.

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