Pelo menos 5 milhões de passageiros deixaram de andar de ônibus interestaduais somente em Santa Catarina nos últimos cinco anos. Entre os motivos da migração de usuários, seja para o avião, seja para o carro, o tempo e o custo são fatores que influenciaram a mudança no modo de viajar.

O novo cenário aponta que, entre 2005 e 2009, a perda de passageiros foi de 25% no transporte terrestre no Estado. Se acrescentarmos 2010, a queda chega a 54,7%, considerando que os dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vão até setembro.

Também nos últimos cinco anos, o transporte aéreo ganhou mais de 1 milhão de novos usuários só na Capital e a frota de carros no Estado cresceu 56,6% – 8 milhões a mais de veículos em Santa Catarina.

Entre os motivos da migração de usuários está a redução no valor da passagem aérea e as boas condições, por exemplo, da estrada entre Curitiba (PR) e Florianópolis. Segundo Vanderlei Strapazzon, supervisor comercial da Auto Viação Catarinense, uma das empresas que mais transporta passageiros no Estado – média de 600 mil por mês –, essa linha foi uma das que mais sofreu impacto na empresa. Para ele, nesse caso, o maior concorrente é o automóvel. A outra linha que perdeu passageiros foi de Santa Catarina para São Paulo. Mas essa mudança é resultado da oferta nas passagens de avião e na facilidade de compra e parcelamento dos bilhetes.

De acordo com os números da ANTT, a empresa que mais transportava passageiros em 2005 no Estado era a Viação Santa Clara. A linha Rio Negro (PR)-Mafra (SC) transportou mais de 2 milhões de pessoas. Em 2006, o número caiu para 1,7 milhão; em 2007, passou para 855 mil e continuou caindo.

Outra característica da mudança no transporte terrestre é o aumento de idosos que viajam gratuitamente ou com desconto. As passagens gratuitas aumentaram 77 vezes, ou seja, 7.625% a mais em cinco anos.

“Mais rápido e bem mais confortável”

Para o diretor do Núcleo Multidisciplinar de Estudos Sobre Acidentes de Tráfego (NAT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Wilson Pacheco, o avião se tornou extremamente acessível. Ele explica que entre os motivos da migração do ônibus para o avião está o perigo das rodovias e o tempo de exposição do passageiro, que é mais longo nesse meio de transporte. Além disso, segundo Wilson Pacheco, atualmente há mais facilidade na compra da passagem aérea, o custo é mais baixo e o conforto é maior:

– A viagem de ônibus é mais demorada e desconfortável. A redução no número de passageiros se resume a insegurança e desconforto – aponta Pacheco.

O especialista em estudos sobre acidentes de tráfego comenta que as empresas precisam investir no serviço com programas de viagens:

– Uma alternativa é fazer pacotes de turismo em épocas de férias, como na Europa, com hospedagem e passeios. E reduzir o custo das passagens. Tem de atrair o cliente de alguma forma. Por exemplo: em ônibus é mais fácil fazer amizades.