Após a reunião com a promotora de Justiça do Meio Ambiente, Nelisa Olivetti de França Neri de Almeida, realizada na tarde desta sexta-feira, no Fórum de Guarujá, um encontro particular entre a Santos Brasil e Sindicato dos Transportadores Autônomos de Contêineres de Guarujá e Santos (Sindcon) pode por fim à paralisação dos motoristas na entrada do Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Santos. A empresa apresentou uma proposta, que deverá ser apreciada pelos caminhoneiros ainda nesta noite.

Entre os ítens propostos pela Santos Brasil, está o maior controle nos horários de entrada e saída do terminal, uma das reivindicações dos caminhoneiros que solicitam mais agilidade nas operações.

A reunião com a promotoria de justiça terminou sem um entendimento entre as partes. Segundo o vice-prefeito do município, Duíno Verri Fernandes, que participou do encontro e foi o primeiro a sair da sala, a paralisação dos caminhoneiros permanecerá. Representantes da América Latina Logística (ALL) e da Polícia Rodoviária Federal também estiveram presentes.

O vice-prefeito disse que a promotoria vai convocar a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para prestar esclarecimentos e cobrar uma solução para o problema, já que a área prejudicada pela ação dos caminhoneiros pertence à companhia.

Duíno Fernandes informou, também, que se o protesto dos caminhoneiros ocasionar novos congestionamentos na região da Rua do Adubo, principal acesso aos terminais portuários, as entradas do Guarujá serão bloqueadas para a passagem de caminhões.

Protesto

Desde a última quinta-feira, caminhoneiros protestam na região portuária de Guarujá contra as condições de trabalho. Inicialmente, as principais críticas eram as dificuldades para se chegar aos terminais, devido à frequente passagem de trens, impedindo os acessos, e à falta de controle na chegada dos veículos de carga. Tais questões foram debatidas pelas empresas do setor, pela Codesp, pela concessionária ferroviária do Porto, a ALL, e pela Prefeitura de Guarujá e solucionadas na sexta-feira.

Na segunda-feira, porém, as manifestações voltaram, tendo como alvo as condições de operação do Tecon. Segundo os caminhoneiros, dos oito gates, quatro estavam fechados e havia balanças quebradas. O terminal negou quaisquer problemas. Mas não foi o suficiente.

Na terça-feira, os acessos da instalação foram bloqueados por caminhões dos manifestantes. A situação perdurou até a noite da última quarta-feira, quando a Santos Brasil obteve uma liminar judicial ordenando a liberação de seus portões. A determinação foi cumprida nessa mesma noite pela Polícia Militar.

Ontem, o Tecon passou a enfrentar um novo problema, uma onda de intimidações contra os caminhoneiros que desejavam chegar até a instalação. “Conseguimos liberar nossos gates. Mas o problema agora, segundo informam nossos clientes, é que os motoristas que vêm para cá estão sendo intimidados”, disse o diretor-superintendente da Santos-Brasil.

Segundo ele, “temos a nossa operação (dentro do Tecon) sobre controle, nossas cargas estão todas programadas. A solução para os problemas destacados pelos caminhoneiros não passam por aqui. O que tem hoje é um aumento das cargas de safra. Esses caminhões (com cargas agrícolas) apenas cruzam a nossa porta, mas não temos nada a ver com isso ”, afirmou.

De acordo com o executivo, sua empresa não define o preço dos fretes pagos aos caminhoneiros – um dos pedidos dos manifestantes era um aumento dessas taxa. “Isso é com os exportadores, os importadores e com as armadoras”.