O motorista que roda nas estradas do Rio de Janeiro paga, em média, R$ 12,93 para trafegar 100 km por estradas estaduais sob concessão.É o valor mais alto do país, à frente do registrado nas rodovias paulistas (R$ 12,76), segundo estudo divulgado nesse domingo pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em números de dezembro de 2011.

O Espírito Santo ficou em terceiro lugar, com o valor de R$ 12,44. O valor pago para trafegar nas rodovias do Estado é 43% maior do que a média cobrada no país, de R$ 9,04. Em relação ao preço médio praticado em estradas federais sob concessão (R$ 5,11), a diferença é ainda mais astronômica: a tarifa no Rio é 112,72% mais cara.

De acordo com o Ipea, o responsável pelo custo mais alto do pedágio no Estado é o modelo de licitação adotado pelo governo do Rio, no qual o vencedor não é o que oferece a menor tarifa e, sim, aquele que propõe o maior valor de outorga, ou seja, pagamento ao governo.

“O Rio de Janeiro é o único Estado que utiliza apenas o valor de outorga como critério de escolha da concessionária, mecanismo que impede a competição pela menor tarifa. Portanto, é um forte indicativo do motivo pelo qual apresentou a maior tarifa”, diz o estudo.

Mais barato no exterior

Comparado com o valor praticado nas estradas no exterior, a tarifa média no país – cobrada em rodovias federais e estaduais sob concessão – é apenas 2,7% maior que a média mundial para cada 100 km rodados. Aqui, o pedágio custa, em média, R$ 9,04 e, lá fora, R$ 8,80.

Apesar de o valor se mostrar “compatível” com o verificado no resto do mundo, segundo o levantamento do Ipea, a diferença nos objetivos e responsabilidades assumidas pelas concessionárias demonstra que o preço nas rodovias nacionais deveria ser mais barato.

Em outros países, as concessões visam principalmente à construção de novas estradas, enquanto que no Brasil a regra é repassar a empresas rodovias prontas para reforma e ampliação.

O estudo afirma que essa diferença entre o programa de concessão brasileiro e os internacionais mostra que no Brasil os investimentos realizados pelo setor privado devem ter sido muito inferiores aos realizados no exterior.

“A Tarifa Média Brasil, independentemente do fluxo de veículos, deveria ser bem menor do que as tarifas praticadas em outros países, nos quais as concessionárias tiveram que investir na construção das autoestradas”, diz o estudo.

O Ipea levantou o preço médio dos pedágios em sete Estados. O reajuste de todos eles em rodovias sob concessão aumentou acima da inflação em 15 anos.