Laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), a que o
jornal O DIA teve acesso, não descartou falha humana no acidente
ocorrido em outubro com o ônibus da 1001 que matou 16 pessoas,
incluindo o motorista Eduardo Fernandes, de 44 anos. O veículo, que
havia saído de Itaperuna, noroeste do estado, com destino ao Rio, caiu
de ribanceira na altura do km 100, em Guapimirim. O documento de 53
folhas, com 33 fotografias, também atestou problema mecânico.

A
perícia mostrou que os freios de serviço (pedal) e o de emergência
(mão) funcionavam e não foram acionados, mas não há elementos para
apontar por que o condutor não usou os freios. Foi detectado que o
freio-motor (redução de velocidade por mudança de marcha) não estava
operante, mas o laudo afirma que isso não causaria o acidente. Os
exames mostraram ainda, como problema antigo, um furo na borracha que
leva ar ao sistema que aciona o freio-motor.

A assessoria de
imprensa da Auto Viação 1001 informou que a empresa só se pronunciará
após ter acesso ao laudo.

O documento também aponta que o
manuseio inadequado do câmbio causou a perda de controle do veículo,
que estava em ponto morto e a 80 km/h na hora do acidente. E que o
motorista errou a mudança de marcha 510 vezes no trajeto. As
informações constam em equipamento que armazena dados, espécie de
caixa preta do ônibus.

A 67ª DP (Guapimirim) vai intimar
funcionários da Auto Viação 1001 para saber por que foi permitido que
o ônibus trafegasse sem o sistema de freio-motor funcionando e se,
realmente, o fato não causaria o acidente. Outra dúvida é se Eduardo
foi obrigado a dirigir o veículo mesmo ciente do problema.
Funcionários da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
também serão convocados.