A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal realizam, esta semana a Operação Côngrio, para desarticular um grupo envolvido com o tráfico de drogas no Litoral Norte de Santa Catarina. Foram presas 8 pessoas, sendo um flagrante e cumpridos sete mandados de prisão preventiva, além de 12 mandados de busca e apreensão.

A investigação, realizada por policiais federais da Delegacia de Itajaí, foi iniciada em agosto de 2010 como desdobramento da Operação Encruzilhada, desencadeada em julho do mesmo ano.

Parte do grupo investigado era responsável pela distribuição de cocaína e crack para caminhoneiros que circulam na BR-101. No curso da apuração, os policiais registraram imagens do tráfico nos postos de combustíveis e às margens da rodovia desde novembro do ano passado.

Os pedidos de prisão e de busca e apreensão foram solicitados em 24 de março junto à 1º Vara Criminal de Itajaí. Os detidos serão encaminhados para o sistema prisional do estado.

Participam da ação 55 policiais federais e 35 policiais rodoviários federais, além de apoio dos canis da PRF e da Polícia Militar de Santa Catarina.

Na visão da Diretora Geral da Polícia Rodoviária Federal, inspetora Maria Alice Nascimento Souza, a integração com a Polícia Federal no combate aos crimes que exigem investigação é de extrema importância. “A PRF é uma força de segurança ostensiva. Reprime crimes flagrantes, no momento em que estão acontecendo. Mas quando o trabalho exige investigação, é muito bom contar com o apoio da Polícia Federal. A integração faz as duas instituições crescerem”, defende Maria Alice.

Falsa euforia – A droga mais comum utilizada pelos motoristas, geralmente caminhoneiros, são os medicamentos compostos por anfetamina, popularmente conhecidos por rebite ou arrebite. Esta substância, presente principalmente nos moderadores de apetite, é um estimulante do sistema nervoso central e faz com que a atividade cerebral seja acelerada, causando nas pessoas a impressão de diminuição da fadiga, já que conseguem executar suas atividades por mais tempo, com menos sono, com perda de apetite e aumento da capacidade física e mental.

Essa mistura de falsas sensações faz com que os consumidores da droga provoca perda parcial dos reflexos. Assim, o motorista diminui sua capacidade de percepção e análise do perigo, aumentando as chances de provocar graves acidentes.

“O caminhoneiro que dirige sob efeito de rebite não percebe os sintomas do cansaço. Conduz por até 60 horas consecutivas um veículo que pesa 70 toneladas, a velocidades médias de 90 km/h. Se ele dorme repentinamente, tem um infarto ou algum distúrbio de visão, não é preciso ser especialista para imaginar o desastre provocado por um míssil desgovernado”, explica o Chefe da Divisão de Saúde da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, inspetor Lejandre Monteiro.

Mas estudos da Divisão de Saúde da PRF indicam que um número crescente de motoristas profissionais passou a consumir drogas mais pesadas, como crack e cocaína, para suportarem até 60 horas seguidas ao volante.

Ocorrências provocadas pelo sono ao volante, envolvendo veículos de carga* (2006 – 2010)

Acidentes – 7798

Feridos – 2885

Mortos – 317

Fonte: Central de Informações Operacionais – PRF

Pesadelo no asfalto – Em dezembro de 2010, a Polícia Rodoviária Federal, em conjunto com as Justiças Estaduais e os Ministérios Públicos dos Estados, realizou a Operação Pesadelo. Na ação, foram cumpridos 89 mandados de busca e apreensão em 22 unidades da Federação, que resultaram na apreensão de 32 mil comprimidos de estimulantes. Levantamentos da PRF indicam fato relevante: o tabelamento informal das cartelas de anfetaminas. Em todas as regiões do país, a embalagem com 12 comprimidos custa entre R$ 22 e R$ 27, e pode ser comprada sem maiores dificuldades. Em alguns casos, o comerciante ainda fraciona a venda, e o comprimido estimulante, de uso controlado e condicionado à prescrição médica, é adquirido por apenas R$ 2 a unidade.

Diagnóstico preocupante – A cada três meses, a Polícia Rodoviária Federal e a Confederação Nacional dos Transportes realizam nacionalmente o projeto Comando de Saúde nas Rodovias. Em pontos distintos do Brasil, profissionais do transporte são convidados a participar de uma série de exames médicos, palestras e acompanhamento nutricional. Nas quatro edições do projeto, realizadas em 2010, foram observados os seguintes resultados:

Total de motoristas profissionais examinados: 5.393

Relatos voluntários de carga horária excessiva de trabalho: 45,5% dos examinados

Usuários confessos de medicamentos impróprios: 7,4% dos examinados

Sonolência diurna (teste de Epworth): 15,1% dos resultados alterados

Há dois anos, a Polícia Rodoviária Federal também desenvolve, em São Paulo, um projeto pioneiro de coleta de urina de motoristas profissionais para análises clínicas. De novembro de 2008 a abril de 2010, foram observados os resultados abaixo:

Motoristas examinados: 529

Total de alterações: 10,8% das amostras apontaram consumos de maconha, cocaína/crack, anfetaminas, ou combinações das mesmas.