A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as causas e a responsabilidade pela colisão entre dois ônibus que deixou um morto e 40 feridos no início da noite de quarta-feira (14) na estrada vicinal que liga Rio Claro a Ipeúna, interior de São Paulo.

Uma perícia foi realizada nos veículos na noite do acidente, mas o delegado titular do 1º Distrito Policial de Rio Claro, Alexandre Bella Coletta, pediu análises mais detalhadas. “Vamos aguardar os laudos técnicos do Instituto de Criminalística, que estão analisando os ônibus envolvidos na tarde desta quinta-feira (15). Ainda não há prazo para a entrega dos resultados, mas deve ser entregue no prazo de 30 dias, período para a conclusão do inquérito”, disse.

A perícia estuda se o motorista do ônibus coletivo estava em alta velocidade, já que o local do acidente é uma descida.

Colisão

O acidente aconteceu por volta das 18h30 na estrada vicinal dá acesso à Rodovia Irineu Penteado (SP-191) e que liga Rio Claro a Ipeúna. O trecho é de descida e, segundo moradores, já foi cenário de outros acidentes.

De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, Kléber Moura, um carro Belina diminuiu a velocidade para um caminhão entrar em uma indústria de produtos químicos.

O motorista do coletivo que vinha logo atrás não conseguiu desviar, bateu no automóvel, invadiu a pista contrária e colidiu de frente com o outro ônibus, que levava trabalhadores de uma indústria cerâmica da cidade. “Acredito que houve imprudência do motorista do coletivo, mas só a perícia vai determinar as causas do acidente e se ele estava em alta velocidade”, disse.

O motorista do ônibus com trabalhadores, de 43 anos, morreu no local. O corpo dele será enterrado às 16h30 no Cemitério São João Batista.

Dos 40 feridos, apenas cinco continuam internados, sendo duas na Santa Casa e três no Pronto-Socorro da Santa Casa. Entre elas estão duas crianças e três adultos, sendo um deles o condutor do coletivo. Ele passou por cirurgia nas pernas, que ficaram fraturadas, e não corre risco de morte.

Desespero

Duas filhas da ajudante de produção Adriana Ferreira, uma de 13 anos e outra de 14, voltavam da escola no ônibus coletivo e conseguiram sair do veículo apenas com ferimentos leves. “Elas correram até minha casa machucadas nas costas e nos pés falando que tinha acontecido uma tragédia”, disse.

A ajudante de produção, que mora perto do local do acidente, explicou que a primeira coisa que pensou foi em ajudar as vítimas. “Eu e meu marido pegamos o carro e fomos ajudar. Os feridos mais leves a gente colocou no carro e levou para o hospital”.

O operador Arlindo Antunes Oliveira também ajudou no resgate das vítimas e acabou machucando uma das mãos. “Foi um desespero muito grande. Muita criança gritando. Cortei a mão para poder ajudar”, explicou.

Devido ao horário, o ônibus coletivo, que estava lotado, contava com muitas crianças que saíam da escola. Logo após o acidente, os moradores do bairro Bonsucesso ficaram revoltados e queimaram alguns pneus.

Valdelaine de Souza, tia de três meninas que estavam no ônibus, disse que as crianças deveriam ter um ônibus exclusivo para levá-las à escola. “No Bonsucesso não tem escola para a faixa etária delas, por isso elas precisam ir até a escola mais próxima que fica em outro bairro”, disse.

Ônibus escolar e acidentes

Devido ao horário, o ônibus coletivo, que estava lotado, contava com muitas crianças que saíam da escola. Logo após o acidente, os moradores do bairro Bonsucesso ficaram revoltados e queimaram alguns pneus.

Valdelaine de Souza, tia de três meninas que estavam no ônibus, disse que as crianças deveriam ter um ônibus exclusivo para levá-las à escola. “No Bonsucesso não tem escola para a faixa etária delas, por isso elas precisam ir até a escola mais próxima que fica em outro bairro”, disse.

Para Davi Campos, funcionário da transportadora responsável pelo caminhão que entrava na indústria, o local é muito crítico. “O pessoal abusa bastante da velocidade. Deveriam ter várias lombadas, por se tratar de uma descida muito perigosa”, disse. Um morador do bairro, que não quis se identificar, informou que vários acidentes já ocorreram no trecho.

Outro lado

Sobre a possibilidade de um transporte escolar exclusivo, a Prefeitura de Rio Claro informou que o serviço é dispnível para estudantes da rede municipal. Para os alunos das escolas estaduais há um convênio com o governo estadual para o fornecimento de passe escolar nas linhas do transporte urbano.

Já o diretor jurídico da Rápido São Paulo, Ariovaldo Vitzer Júnior, empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade, disse que está aguardando os laudos da perícia da Polícia Civil. Ele informou também que a empresa está colaborando com as investigações e prestando apoio e esclarecimentos às vítimas.

O Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP), orgão responsável pelo trecho onde ocorreu o acidente, informou que estuda a implantação de dispositivos para diminuir a velocidade dos veículos na via. Questionados sobre a possibilidade da criação de um terceira faixa, o DER disse que não é possível por falta de espaço no estrada.