O comandante do Policiamento Rodoviário de São Paulo, coronel Jean Charles Oliveira Diniz, foi ouvido na Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa, onde afirmou que o engavetamento de mais de 100 veículos no último dia 15 na rodovia dos Imigrantes foi causado pela densa neblina que cobria a estrada naquele dia e pela imprudência de motoristas diante de condições que exigiriam uma mudança de comportamento no volante.

A Polícia Rodoviária calcula que a visibilidade dos condutores era inferior a 20 m antes do maior acidente da história da rodovia, que deixou uma pessoa morta. “Vejo que o acidente ocorreu por fatores climáticos aliados à não mudança de comportamento nessas condições. A sinalização fica prejudicada. O controle de velocidade fica prejudicado”, disse o coronel.

Ouvido pelo Terra, o deputado Orlando Morando (PSDB), que convidou o coronel Jean Charles para depor, se diz insatisfeito com as explicações da Polícia Rodoviária, que inocentou a concessionária Ecovias e alegou que foi feito tudo o que se podia para evitar o acidente.

“A mim, existe preocupações, como a ausência de uma autoridade competente. Você não pode culpar apenas o motorista. Quando você tem visibilidade mínima em um aeroporto, há uma autoridade que o fecha. Se há forte precipitação de granizo na Imigrantes – o que não é nenhum absurdo de se supor – e o tráfego se torna totalmente inseguro, que autoridade fecha a rodovia?”, questionou o parlamentar, em referência a declarações do comandante no sentido de que o Policiamento Rodoviário não é responsável por tal medida.

“O poder de polícia é nosso, mas eu devo? Aí é outra questão. O poder é discricionário. Quem tem de tomar medida tem de tomar com base em conhecimentos técnicos. Desconheço na doutrina algo que indique que, com chuva ou com neblina, se interdite a rodovia”, sustentou Jean Charles.

Apesar de afirmar que sua atuação não busca “duvidar de ninguém”, Morando diz que vai consultar a legislação de trânsito e discutir o assunto com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, para saber se houve omissão de responsabilidade por parte da polícia ou da concessionária. “Se a polícia tem a responsabilidade de dar segurança ao cidadão, como, vendo que a possibilidade de colisão aumentou em dez vezes, não faz nada? O fator neblina lá (na Imigrantes) é corriqueiro. Ocorre em grande parte do ano. Se me confirmarem que realmente não há autoridade (competente para fechar a rodovia), pedirei legislação dando autoridade para alguém que possa fazer isso.”

Outra preocupação mencionada pelo deputado é a impossibilidade se ser implantada a operação comboio de subida em função das cinco rodovias que alimentam tanto a Anchieta como a Imigrantes e da quantidade de túneis na região.

Para concessionária, motorista causou engavetamento
Em reunião extraordinária na terça-feira na Alesp, o diretor superintendente da Ecovias, José Carlos Cassaniga, afirmou que a imprudência de um motorista foi o que causou o engavetamento na Imigrantes. A concessionária garante que cumpriu com todas as normas e que as condições de segurança da via no dia do acidente eram boas.

De acordo com a assessoria da Assembleia, durante a reunião, o diretor garantiu que também não é de responsabilidade da concessionária o roubo ocorrido contra 12 carros envolvidos no acidente, que estavam estacionados do lado de fora do pátio da Ecovias. A Ecovias afirmou que seria responsabilidade dos donos e seguradoras removerem os veículos.