Depois de dois dias de transtornos com a greve de caminhoneiros que bloqueou a Via Dutra – a estrada começou a ser liberada na madrugada de quarta-feira – e provocou quilômetros de congestionamentos, um novo obstáculo pode interromper o percurso dos motoristas que trafegam pelas estradas federais que cortam o estado.

Dentro de duas semanas, policiais rodoviários federais decidirão se deflagram uma greve nacional. No Rio, a primeira movimentação deve acontecer já na próxima segunda-feira, quando uma assembleia decidirá se os policiais entram em estado de greve.

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Rio de Janeiro (SINPRF-RJ), Marcelo Novaes, entre as reivindicações estão o aumento de efetivo, a recuperação salarial e o reconhecimento da carreira como nível superior, assim como aconteceu recentemente com a de policial federal. Hoje o cargo de policial rodoviário federal é considerado nível intermediário, e o salário inicial é de R$ 5.800.

– Estamos negociando com o governo federal até o dia 31 de agosto. No Rio faremos assembleia no dia 6, e o estado de greve deve ser aprovado até a assembleia nacional, na segunda semana de agosto. Hoje o policial rodoviário tem salário defasado, trabalha com armamento obsoleto. Outro problema são os coletes à prova de balas. Metade está vencida – denuncia Novaes.

Ele destaca que a defasagem dos salários e o baixo efetivo tornam a carreira de policial rodoviário cada vez menos atrativa.

– Em 2007 o salário inicial era de R$ 6.200. Houve uma defasagem quando passamos a receber subsídio, e o pagamento passou a ser em uma única cota, sem gratificações e abonos separados. Queremos que isso seja corrigido. Hoje as pessoas que entram na Polícia Rodoviária ficam dois ou três anos e partem para outras carreiras, fazem outros concursos. As perspectivas são baixas e desestimulam os profissionais.

Embora a Superintendência da PRF no Rio não divulgue o efetivo da corporação, alegando questões de segurança, levantamento feito pelo sindicato indica que hoje a malha rodoviária federal fluminense de 1.400 quilômetros conta com cerca de 600 agentes. Para cada dois quilômetros há apenas um policial rodoviário. Segundo o SINPRF-RJ, em 1996 o efetivo era de 1.100.

– Hoje o ideal seria pelo menos 1.200 homens, tendo em vista os grandes eventos que o Rio vai sediar – afirma Novaes.

Falta de efetivo fecha postos

Um dos indícios do baixo efetivo é o fechamento de parte dos postos da PRF em rodovias do Rio. Levantamento do sindicato aponta que, das 33 unidades, apenas metade funciona 24 horas por dia. Dez postos estão inativos, funcionando como meros pontos de apoio quando são realizadas operações. Outros cinco teriam sido fechados por falta de efetivo e, em outros três, as equipes reduzidas são obrigadas a fechar a base quando precisam fazer ações de patrulhamento ou atender a alguma ocorrência.