Um protesto inusitado chamou a atenção de motoristas e pedestres que trafegavam pela rodovia Mário Covas, em Ananindeua, município da região metropolitana de Belém. Um sofá foi colocado sobre um buraco, em uma das pistas, para sinalizar o risco a quem seguia pela via, um dos maiores corredores de trânsito da capital paraense.

“A situação da Mário Covas é uma vergonha. Se a gente desvia do buraco, corre o risco de ir parar no meio do matagal que fica nas margens. Então, a gente passa por cima do buraco mesmo e acaba com o carro, suspensão, empena a roda…é um prejuízo só”, conta, indignado, o motorista de ônibus João Souza, de 42 anos.

O buraco, com cerca de 30 cm de profundidade e 1,20m de diâmetro, oferece risco para motoristas e motociclistas principalmente à noite, pois o trecho, próximo à alameda Maranata, não conta com postes de iluminação.

O sofá na pista despertou a curiosidade de quem passou pela área. O cobrador Jaime Donato, de 38 anos, pilotava uma motocicleta quando se deparou com o objeto inusitado e revelou sua surpresa.

“Égua, eu não acreditei quando vi um sofá no meio da pista. Se não fosse vocês mostrando o flagra, acho que ninguém ia acreditar também. A gente não sabe se ri ou se chora com uma coisa dessas. Buraco é o que não falta por aqui, e à noite o perigo ainda é maior. A pista só fica iluminada mesmo com a luz do farol dos carros, ônibus, caminhão”, denuncia o condutor que trafega diariamente pela rodovia.

De acordo com os moradores do entorno, buracos e falta de iluminação na rodovia são apenas alguns dos problemas enfrentados por quem vive nos arredores. O consultor de vendas Dilson Silva, de 49 anos, mora no conjunto Satélite há 12 anos e responsabiliza tanto os moradores quanto o poder público pela negligência.

“A situação aqui é de calamidade. Com tanto buraco na pista, o que mais tem é acidente e mortes e isso parece que virou rotina, já que ninguém faz nada para mudar isso. A contribuição que é a população dá, como se pode ver (ele aponta para outros sofás na margem na rodovia), é distribuir lixo e entulho na margem. Já não tem nem calçada para a gente andar, imagina ter que escolher entre ir para o meio da rua, correndo o risco de ser atropelado, ou andar pelo meio do lixo e do mato?”, denuncia Dilson.

“Por mais que seja absurdo esse sofá no meio da rodovia, foi o jeito que se encontrou de evitar outros acidentes e chamar a atenção dos motoristas e do poder público para a má conservação da rodovia Mário Covas. Cada pessoa deveria ser um fiscal da sua comunidade, do seu bairro, denunciando os problemas do lugar onde vive”, completa o consultor de vendas.