Construído para servir de base aos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – para que eles pudessem, por exemplo, deter assaltantes em fuga -, o posto de fiscalização instalado na Ponte Rio-Niterói está abandonado e fechado há pelo menos três anos. A ausência de policiais no local é apontada por usuários e pelo Ministério Público Federal como determinante para que caminhões circulem na Ponte fora do horário permitido. Veículos com mais de três eixos só podem trafegar na via entre as 22h e as 5h. O posto fica no início da pista sentido Niterói.

O aumento da fiscalização na Ponte Rio-Niterói para evitar acidentes é um dos principais pontos de um estudo preparado pelo procurador Ricardo Santos Portugal, do Ministério Público Federal da 2 Região (Rio e Espírito Santo), e enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU). A Ponte é uma concessão federal e o TCU é um dos órgãos que fiscalizam a arrecadação do pedágio na via.

Como O GLOBO publicou sexta-feira, perto de atingir quase meio milhão de pessoas percorrendo todos os dias seus 14 quilômetros em carros, ônibus e caminhões, a Ponte, que completa 36 anos este ano, teve 693 acidentes de trânsito nos primeiros seis meses de 2010, o que dá uma média de quatro casos por dia. É o dobro da média registrada em todo o ano passado, quando foi contabilizado um total de 874 acidentes.

Excesso de velocidade é outro problema na Ponte

Para Ricardo Portugal, o funcionamento do posto da PRF impediria motoristas de continuarem dirigindo muito acima da velocidade permitida (80km/h) e evitaria acidentes. O procurador também diz que é preciso fiscalizar os ônibus que trafegam fora da pista lateral direita (única em que estão autorizados a circular).

Para o procurador, é necessário ainda um plano estratégico para diminuir o tráfego na Ponte. Entre as soluções apontadas por ele, após ouvir engenheiros e técnicos, está a implementação de linhas marítimas para transporte de massa entre as cidades do Rio e de São Gonçalo.

O GLOBO procurou a Polícia Rodoviária Federal, para que explicasse o abandono do posto na entrada da Ponte e informasse o número de assaltos na via, mas não teve resposta até a noite de ontem.