O asfaltamento da BR-158 começou há três anos e ainda não foi concluído. A demora levou produtores rurais e a sociedade organizada do município de Vila Rica (1.259 km a nordeste de Cuiabá) a fechar parcialmente a rodovia, o que gerou um congestionamento de mais de 10 quilômetros. A ação foi realizada ontem no começo da manhã e no final da tarde, o trânsito estava liberado. Hoje, uma nova paralisação está marcada.

O objetivo dos manifestantes era cobrar a pavimentação do trecho de 44 km, que passa pelo município, e está com o serviço suspenso desde que a Semenge abandonou o trecho em 2010.

A comissão que acompanha as obras em Vila Rica se reunirá amanhã, em Cuiabá, com representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes de Mato Grosso (DNIT) para analisar o processo.

A rodovia é o principal canal de escoamento de grãos, calcário e adubo da região do Vale do Araguaia. A Semenge teve o contrato rescindido devido às irregularidades na prestação do serviço.

Segundo o superintendente do DNIT, Luiz Antônio Garcia, o processo licitatório para a contratação de uma nova empreiteira está concluído, porém, devido à greve dos servidores do órgão, o contrato não foi assinado.

A empresa Bestesa assumirá o trecho. A Semenge fez 40% do lote licitado, restando 60% a serem entregues.

De acordo com o pesquisador do Núcleo de Logística e Transporte da UFMT, Luiz Miguel de Miranda, a BR-158 tem potencial para ser um corredor logístico de transporte importantíssimo no futuro.

A rodovia interliga Mato Grosso ao Porto de Vila do Conde (35 km de Belém), responsável por exportar matérias-primas, principalmente para a América do Norte.

Para o pesquisador, daqui a alguns anos haverá cerca de seis milhões de hectares de pastagem degradada na região do Araguaia. O que, segundo ele, resultará na plantação de diversas culturas, como milho, soja, arroz e cana–de-açúcar.

Com o aumento de produção, haverá aumento na demanda por um transporte adequado, que na visão do professor seria hidroviário ou ferroviário.

Prejuízos- Segundo o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Eduardo Ribeiro, o custo de produção já está superior tanto pela situação da estrada como pelo aumento dos tributos estaduais e taxas que proporcionalmente, nos últimos 3 anos, foi superior à inflação.