A paralisação dos caminhoneiros, iniciada na madrugada de segunda-feira e prevista para terminar às 6h de hoje, deixou um lastro de grandes prejuízos a empresas e ao consumidor. Um dos reflexos foi o aumento do preço de alimentos, como o da batata, cujo quilo na unidade da Ceasa em Contagem, maior entreposto do estado, subiu 29% entre quarta-feira passada e ontem – de R$ 1,57 para R$ 2,02. Também houve desabastecimento de combustíveis em cidades polo: Juiz de Fora, na Zona da Mata; Congonhas, na Região Central; Divinópolis, no Centro-Oeste; e Igarapé, na Grande BH.

“Houve prejuízo para toda a sociedade”, concluiu Vander Costa, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg). A entidade calculou que, em média, cada quilômetro com veículos de cargas parados representou uma perda diária de R$ 50 mil a R$ 100 mil às transportadoras. “Se fila única, R$ 50 mil. Se dupla, R$ 100 mil. Cada caminhão tem um custo diário em torno de R$ 1 mil. Cada quilômetro, em média, comporta 50 caminhões numa fila”, explicou Vander.

Ele descarta, contudo, aumento no custo do frete. As barreiras organizadas por caminhoneiros afetaram o abastecimento na Ceasa Minas. Como os produtores de batata podem atrasar a colheita, eles optaram por colher o produto depois do fim da paralisação. É importante lembrar que boa parte desse alimento vem do Sul de Minas e que a Rodovia Fernão Dias (BR-381), onde há várias barreiras, é o principal caminho até a Ceasa.

“Com receio de os caminhões de batata ficarem parados na estrada, os produtores atrasaram a colheita. Dessa forma, comparando com a quarta-feira da semana passada, houve queda de 20% na oferta do alimento, de 725 toneladas para 580 toneladas. O preço, por sua vez, subiu 29%”, esclareceu o chefe do departamento Técnico da Ceasa Minas, Wilson Guide. Ele acredita que o preço será normalizado amanhã. Outros hortifrutigranjeiros também tiveram variações no entreposto.

Ao todo, a oferta de produtos na Ceasa caiu 13,4%. O preço médio aumentou 17,6%. Apesar disso, Wilson argumenta que, com exceção da batata, não se pode atribuir exclusivamente à greve dos caminhoneiros a alta do preço médio e a queda no volume de alimentos. “A paralisação é um dos componentes, mas não o único. Temos de lembrar que, na comparação com a semana passada, o movimento (de ontem) foi maior, porque é início de mês e muita gente recebeu o salário. Também porque alguns produtos sofreram interferências do tempo, que está mais frio”.

Desabastecimento

O sindicato que representa os postos de combustíveis no estado, o Minaspetro, informou, que no interior, muitos postos estão com as bombas vazias desde terça-feira. É o caso do Profetas, em Congonhas, onde o dono, Vagner Xavier, esperou um carregamento na terça e outro na quarta. Nenhum chegou. “Estou sem diesel e gasolina desde terça. Em média, vendo cerca de 15 mil litros por dia. Outros postos da região estão na mesma situação”, lamentou o comerciante. Já a Fiat Automóveis, que nos últimos dois dias foi forçada “a uma parada técnica parcial devido aos problemas no fornecimento de componentes e autopeças”, informou que “retoma, hoje, o fluxo normal de produção”.