Depois de anunciar uma manifestação para bloquear a Pista Sul da Rodovia dos Imigrantes, usuários de ônibus fretados voltaram atrás e resolveram aguardar um parecer da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp). O órgão regulador marcou para o próximo dia 12 uma reunião envolvendo as associações responsáveis por esses veículos, a concessionária Ecovias, responsável pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), e a Polícia Militar Rodoviária Estadual.

“Conseguimos um retorno da Artesp e da Ecovias. Com isso, está cancelado o manifesto de hoje”, confirmou um dos articuladores do protesto, o analista de negócios, Diego Rodrigues, que trabalha na capital e mora em São Vicente. A intenção era bloquear todas as pistas da rodovia, logo após a passagem da Praça do Pedágio, ainda no planalto. “Queremos chegar cedo em casa todos os dias e sair de vez da Via Anchieta”.

Com o intuito de conseguir, definitivamente, a liberação da Rodovia dos Imigrantes, usuários dos fretados, que diariamente fazem o trajeto entre o litoral e São Paulo, preparavam um protesto para o fim da tarde desta quinta-feira. Por volta das 18 horas, cerca de 40 veículos seriam utilizados para fechar a descida da Serra, antes da interligação com a Via Anchieta, durante a manifestação.

O protesto ocorreria uma semana depois que a Polícia Militar Rodoviária autorizou ao menos 100 fretados a descerem pela Pista Sul da Imigrantes, na noite da última quinta-feira, dia 20. A liberação da descida, que é proibida por lei, ocorreu após manifestação que começou na altura de São Bernardo do Campo, ainda no planalto, e que chegou a bloquear as duas pistas (sentido litoral e Grande São Paulo).

Rodrigues disse também que todos os coordenadores (pessoas responsáveis por organizar as viagens de cada ônibus) foram orientados a não aderir a qualquer tipo de manifestação. Caso algum ato fosse feito, as empresas permissionárias dos fretados poderiam perder a concessão do qual tem direito pelo serviço. Da mesma forma, motoristas poderiam ser prejudicados.

Associações

Ainda na quarta-feira, tanto Associação de Fretamento de Executivos da Baixada Santista (Afrebas) quanto a União dos Executivos do Litoral Paulista (Uelpa), por meio dos respectivos representantes, afirmaram que não vão organizar qualquer manifestação até que ocorra a reunião prometida pela Artesp. Depois que houve a liberação, na última quinta-feira, pela primeira vez desde que foi aberta, as partes negociaram um encontro – que será concretizado no dia 12, às 10 horas, na capital.

“Conseguimos a reunião. No convite que nos fizeram, eles (Artesp) adiantam que trarão alternativas para o problema”, garante a presidente da Afrebas Zaira Sena Campos. Ela afirma que a intenção é de que, já com o precedente aberto, ocorra o convencimento das autoridades diante do caso. A principal justificativa, segundo ela, é o perigo em trafegar junto com os caminhões, que diariamente se envolvem em acidentes. “Eles carregam carga e, nós, vida”.

Em posicionamento semelhante, o presidente da Uelpa, Gilson Pereira, disse que não quer criar “problemas antes do diálogo”. “Não queremos obrigar que os fretados utilizem a Imigrantes sempre. Se conseguirmos no horário de pico, já é bom”, comenta. No entanto, ele reconhece que já existe a movimentação desse protesto, por meio dos próprios usuários do serviço.

Reguladora

Em nota emitida pela Artesp na noite do último dia 20, a agência explica que o ocorrido “foi uma exceção”. A medida valeu apenas para essa situação específica de crise (quando os ônibus de fretamento bloquearam o setor de retenção da Imigrantes, na altura do Km 40, gerando um conflito com os demais motoristas) e não traz qualquer modificação à Portaria 11, que impede o tráfego de veículos comerciais.

A Portaria 11 leva em conta que a pista da Rodovia dos Imigrantes apresenta um declive de aproximadamente 15 quilômetros, e o tráfego de ônibus, caminhões e vans comerciais torna a descida “insegura aos usuários”, devido às características técnicas desses veículos. Testes realizados comprovaram que o longo trecho de descida compromete o sistema de freio dos ônibus e reduz a segurança dos passageiros.