Assim pode ser definido o radar dedo-duro, instrumento utilizado pela Polícia Rodoviária de São Paulo e que, nas rodovias que passam pelas cidades de Franca e Ribeirão Preto, ambas no nordeste paulista, retiram de circulação em média quase 400 veículos por mês. Os dados são da própria polícia.

Segundo as autoridades, a maior quantidade de irregularidades acontece por conta de licenciamentos vendidos na região. A Rodovia Anhanguera, em Ribeirão Preto, é a campeã em ocorrências, com uma média de 225 por mês. Além de Ribeirão, há radares instalados, na mesma rodovia, nos municípios de Orlândia e Santa Rita do Passa Quatro.

Em Franca, a situação não é diferente. Em seis meses, o aparelho flagrou 547 veículos com algum tipo de irregularidade. Quase 300 foram recolhidos e levados para o pátio. Em Franca foi afixada na entrada da cidade. As 547 autuações resultaram na apreensão de 294 veículos e 245 documentos. Além de três carros furtados e apreensão de quatro documentos falsos. Um foragido da Justiça também foi dedurado . “O resultado é satisfatório. Às vezes, abordamos um veículo por causa de uma pendência administrativa e acabamos descobrindo que a carga é roubada ou que a pessoa é procurada. O sistema dá o início de uma fiscalização, mas o resultado final pode ser maior”, comenta o tenente Luiz Eduardo Ulian Junqueira, comandante da 4ª Companhia de Polícia Rodoviária, que abrange o pelotão de Franca.

O radar dedo-duro funciona com um sistema que faz a leitura das placas, consulta o banco de dados e passa as informações à base da Polícia Rodoviária em cerca de cinco segundos. O aparelho identifica pendências administrativas, como licenciamento em atraso, falta de transferência, IPVA atrasado, bloqueios judiciais ou mesmo multas não pagas. Também consegue constatar se o carro foi roubado, furtado ou se está envolvido em outro tipo de delito.

O aparelho está espalhado por 42 pontos. O comerciante Pedro Henrique Gonçalves Dias, 54 anos, ajudou a engrossar a estatística no mês passado. Ele foi abordado e teve o carro apreendido. “O licenciamento venceu em setembro do ano passado e esqueci de renová-lo. Descobri que tenho mais cinco multas”, disse.

Para o tenente Túlio Vancin de Azevedo, que atua em Ribeirão Preto, graças à nova tecnologia, os policiais conseguiram recuperar em janeiro, na base de Orlândia, dois veículos furtados. Uma pessoa também foi presa por estelionato. “Autuamos e apreendemos exatos 205 veículos na base de Orlândia em janeiro.”

Já para o delegado da Circunscrição Regional do Trânsito (Ciretran) de Ribeirão, Odacir Cesário da Silva, a existência dos radares força o motorista a regularizar a documentação do veículo. Não é só na estrada que o sistema dedo-duro está sendo operado. Franca é a pioneira nas cidades da região a testar o sistema dentro da cidade, no perímetro urbano. Em 15 dias de teste, o radar flagrou mais de 80 veículos com problemas, sendo que a maioria deles apresentou atraso no licenciamento. O equipamento, no caso de Franca, é um radar comum, que custa na casa dos R$ 80 mil. Instalado em regiões de grande concentração de pessoas, como o centro da cidade, é que o equipamento é interligado a uma rede de fibra óptica que permite a comunicação imediata com Polícia Rodoviária. Fahim Youssef Issa Neto, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, aprova a iniciativa. “Com isso, há mais segurança no centro e grandes aglomerações, o que é bom para os comerciantes.” Segundo o capitão Alexandre Wellington, responsável pelo serviço de trânsito do 15º Batalhão da Polícia Militar, Franca tem dois aparelhos para uso na cidade e estuda a instalação de outras duas unidades.